terça-feira, 13 de setembro de 2011

Aceitação





Hoje estive em uma ONG para dar uma palestra motivacional para alunos de um curso de eletricista. Para minha surpresa, encontrei uma pessoa muito especial. 
Na verdade, trata-se de um novo amigo que tem uma imensa dificuldade para falar e se movimentar por causa de uma atrofia muscular. Esse rapaz não estava ali para ser ajudado e nem para fazer qualquer tipo de curso que a ONG oferece. Ele está sempre ali para ajudar.
Lembrei-me daquele ditado popular que diz que “ninguém tem tão pouco que não possa doar e nem tanto que não precise receber”.
Na volta para casa, conversamos sobre nossas dificuldades e semelhanças no trato humano. Descobri, baseado em sua fala, que ele sente muito a questão da aceitação das pessoas quando se apresenta como instrutor. Esse é o papel daquele rapaz altamente capacitado que eu conheci.
Lembrei-me de uma conversa que tive com a minha irmã na pior fase da minha vida. Um dia, ela me disse que não adiantaria nada eu querer forçar as pessoas a me aceitarem com os meus tiques e minha insegurança. "Só depois que você se aceitar como é, as pessoas o aceitarão de verdade", disse ela.
Hoje, como escritor, sou respeitado por onde passo. Sou convidado para dar palestras em várias empresas e agora em faculdades. E até fui convidado para um congresso na última semana. Consegui entender, literalmente, o que minha irmã me disse naquele momento da minha vida. Eu entendi que credibilidade não se conquista se impondo, mas construindo com a nossa própria história e com as ferramentas que a vida nos empresta. Desse dia em diante, as portas se abriram, e entendi que as pessoas que me deixaram de lado na hora de escolher o time para jogar, na verdade, tinham medo de não conseguir fazer gols, pois sabiam que eu sou tão persistente que, com certeza, seria o artilheiro da partida. Essas pessoas, na verdade, tinham medo de perder para mim e esqueceram que num time a vitória é de todos.

José Sandoval

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