Minha Nova Chance (o Livro)


Minha nova chance





                              De José Sandoval






Prévia autorização de cópia para leitores espíritas ou não, pois somos todos iguais perante Deus!




Esse livro está sendo disponibilisado pelo autor somente pela internet por não considerar ter direitos autorais sobre esse trabalho que lhe foi inspirador por seu mentor espiritual Guiuliano e trata-se de revelações de seu passado na intenção a esclarecer tantas dúvidas sobre sua existência atual onde passou e passa por momentos de conflitos pessoas.
Lembrando sempre que esse trabalho foi superficialmente revisada, havendo a possibilidade de alteração quando for encadernado para vendas posteriores. Encontra-se devidamente registrado na Biblioteca Nacional e deve ser respeitada as leis de direitos autorais que são compartilhadas com seu mentos espíritual.
O propósito desse trabalho é de, no futuro, serem unidas a outras prosteriormente pscicografádas e tendo suas rendas revertidas na construção do hospital da mente, que é um projeto pessoal de Sandoval que é vitima de uma deficiência neurológica chamada Sindrome de Tourete.
À partir desse momento, esse conteúdo pode ser automáticamente liberado para cópias, sendo preservado o nome dos seus autores.
Boa leitura de muitas felicidades para todos.

Por:  José Sandoval e Guiuliano



Prefácio





Hoje é um dia muito especial na minha vida. É um daqueles dias que DEUS decide que você merece chegar um pouquinho mais perto dele e perceber o quanto é uma peça importante para a sua criação.
Este livro, o qual eu classifico como o melhor e o mais completo trabalho de minha vida, está ligado única e exclusivamente a minha nova fase existencial.
Muitas pessoas me perguntam se os livros que eu escrevo são ou não autobiográficos. São sim. Não tem como fugir de mim mesmo. Sendo eu uma pessoa de temperamento explosivo e em outros momentos muito tranqüilo ao ponto de constantemente me surpreender com minhas atitudes negativas.
Não tem como escrever de outra forma, que não seja sobre os acontecimentos de minha vida ou de pessoas bem próximas a mim.
Levo em minha historia uma carga de erros cometidos que prefiro até mesmo esquecê-los vez em quando para não sofrer mais do que já sofri.
Ao longo de toda a minha existência, poucas pessoas acreditaram em mim e eu fui obrigado a manifestar interesse por mim mesmo, até que as outras pessoas começassem a me ver de outra maneira. Você pode não acreditar, mas o conteúdo deste trabalho éreal e é por isso que tudo começa a mudar realmente em minha vida. Você pode ter certeza de uma coisa:  toda a fantasia criada por nossas mente é perfeitamente capaz de se realizar, dependendo da fé em que você tenha nelas e eu acredito que tudo o que se passa nesse livro acontece diariamente em minha vida.
Eu lhe faço um desafio agora.
Leia este livro como se estivesse vendo a um filme e no final tente criar a sua nova realidade virtual conforme os seus planos para si mesmo (a) ou para o mundo em que vive. Eu duvido que você não saia fortalecido (a) desta leitura em diante e se precisar de mim, me procure nas livrarias ou nas palestras que eu estarei lá com outro trabalho a sua espera, para ilustrar melhor o que eu não consegui aqui.
Um beijão e muito obrigado.




Seu amigo.



José Sandoval








Capítulo 01



A carta



Suzano, 25 de dezembro de 2.007





Querido amigo Didiu.
Desculpe pela falta de noticias, mas nos últimos anos de minha vida tenho sofrido alguns problemas que abalaram profundamente a minha caminhada e infelizmente deixei de lado para mim recolher a minha insegurança e sofrimento e para não preocupá-lo com o ocorrido preferi lhe poupar deste momento aqui que os resolvesse e que pudesse enfim lhe mandar boas novas.
Tudo começou do dia primeiro de 2006, quando acordei pela manha de ano novo e senti uma profunda vontade de mudar a minha vida, mas algo me dizia que isso não seria nada fácil e mesmo assim decida fazê-lo e pagar o preço que fosse para retraçar o meu destino.
Tudo aconteceu assim...
Acordei pela manhã e antes de por os pés no chão resolvi fazer uma prece. Não seria esta como a de habitual, mas decidi pelo menos por um instante prestar a atenção devida em mim mesmo, fechei os olhos e pus-me a falar com DEUS:
- Pai!...Peço permissão para chegar a tua presença e ao mesmo tempo desculpas por tanto tempo sem te procurar, mas tenho trabalhado muito e mal tenho tempo para mim... Esperei por um instante na esperança de ouvir sua voz, mas ele não respondeu... Calei por outro tempo e continuei...
- Querido senhor! Eu sei que andas por demais ocupado, mas se puder só por um instante, inclina os teus ouvido para ouvir  este teu filho que tanto lhe da trabalho, que como uma criança ansiosa insisto em pedir sua atenção. Eu sou como o garoto que sentado ao pé da escada espera seu pai para brincar, mas quando ele chega cansado e não consegue dar-me atenção, ficava por demais chateado e dormia em seguida emburrado deitado no tapete, ao chão.
Às vezes achava que não era importante para ele, às vezes pensava que em sua vida existiam coisas mais importantes que eu.
Hoje senhor eu já sou pai. O senhor me presenteou com duas lindas crianças. Duas vidinhas inocentes e delicadas que precisam de minha atenção, e hoje sou eu quem os deixa na mão.
As necessidades dos dias modernos me tomam todo o tempo e não consigo com eles brincar, nem passear aos fins de semana, pois quase sempre estou cansado… confesso, vivo preocupado com o futuro destes pequenos.
O silencio se fez por uns instantes... Surgiu diante dos meus olhos uma luz brilhante e forte que tomou conta de minha visão.
Um homem a distancia com voz cantada falou-me então:
- Filho o que estas fazendo contigo? Quantos dias por vez tu vives? Tu mal acordas e logo tem envenenas com alimentos que mal comes e corres para chegar logo, aonde estás cansado de saber que não sairá do lugar. Se fores ao trabalho, acordas mais cedo, aproveita e olhas pela janela de tua sala o que preparei para ti.
Quantas oportunidades te dei, quantas belezas deixei em função do teu bem viver... Alias viver, não é uma palavra qualquer, pois já acordas de pé e nem te lembras de tua oração. Tu reclamas de minha atenção, dizes indiretamente que não olho por ti.
Volta no teu pensamento, lembra do dia e do tempo que dormias ao tapete no chão. Este teu pai que tanto te amava, que com carinho ao colo o pegava e o levava para a sua caminha e segurando a sua mãozinha em oração o teu velho pedia, por tua vida e por toda família com todo amor do seu coração.
Hoje eu te digo meu filho, que tua dor não é meu castigo, foi a escolha do teu coração, agora veja “quanta ambição!”...
- Mas senhor, como poderei eu viver neste mundo tão materialista sem Ter ambição? Todas as vezes que saio às ruas me deparo com vitrines, carrões e tentas outras que despertam a minha cobiça, como viver sem isso?
- Não viva.
- Como assim?
-Você não tem que ser igual aos outros, não necessariamente nesta ordem de valores, pois nem tudo o que se vê nas vitrines condizem com sua realidade social ou física, nem sempre o homem que possui um carrão é feliz na vida. A felicidade está justamente nas coisas que não podemos ver nem pegar, pois são objetos de tanta riqueza imaterial que foge totalmente a sua realidade.
- Não entendi?
- Preste atenção! Quem tem mais saúde, o grande executivo ou o sertanejo.
- Acredito que o executivo.
- Por que?
-Porque tem acesso aos melhores hospitais, geralmente tem acesso a cultura, as artes, a viagens ao tempo que quiserem e muitos outros benefícios.
- Nem sempre filho.
- Como assim?
- Eu vou explicar: enquanto o executivo anda em seu carro luxuoso e não faz o mínimo esforço para nada o sertanejo caminha a beira de uma estrada com seu corpo a trabalhar. O executivo com os vidros do carro fechado e cigarro ao lábio plantado com um jornal a se preocupar. O campeiro pelo o sol banhado, como vista tem todo o serrado ver o orvalho as flores molhar. O executivo quando desce do carro por todo lado só se vê asfalto e o cimento tudo acinzentar.
- Tudo bem. O senhor quer me convencer que a vida no interior é melhor que na cidade?
- Não! E também não quero dizer que os executivos não vivam felizes. Tudo está para você como você está para tudo Eu quero dizer que quem vive com simplicidade vive melhor, ou seja, você está tão preocupado em somar bens para dar uma vida melhor para os seus filhos e não percebe que o que eles mais querem neste momento é seu carinho e sua atenção, você hoje está sem perceber cometendo os erros do seu pai no passado.
- Em que sentido o senhor fala?
- Lembra quando você dormia no tapete ao chão?
- Na verdade eu não consigo esquecer.
- Você não sabe, mas ao levá-lo para sua cama o seu pai muitas vezes dormia ao seu lado cheirando o seu perfume, sentindo o calor de seu corpinho e te amou em silêncio, mas o que você guardou ma mente somente os instantes de sua ausência.
- É verdade, vendo por este lado estou sendo injusto com ele.
- Pois é neste exato instante os seus filhos estão pensado o mesmo sobre você. Tente mudar enquanto pode, faça tudo diferente, valorize mais os instantes em que estão juntos, você seus filhos e sua esposa. De valor ao que realmente tem valor. Cuidado com os que rondam a sua casa e sua vida querendo  dar aos seus filhos o que você não dá: carinho, amor e atenção, estas coisas não tem preço. Seja um grande formador de homens e boas almas, prepare-os para a vida antes que traficantes e viciados o façam em surdina.
- Mas como vou manter o padrão de vida de minha família?
- Posso lhe fazer uma pergunta?
- Claro. Fique a vontade.
- Que tamanho é o teu DEUS?
- Como assim?
- Sua fé! Que tamanho é a sua fé?
- Não sei.
- Que pena. Sinto muito por você.
- Se o senhor fala porque não tenho ido a igrejas...
- A fé não depende de igrejas. Você pode até dormir dentro de uma igreja e não Ter fé alguma. Muitas pessoas vivem uma vida de farturas e nem se lembram de DEUS, mas é virem as dificuldades que gritam meu DEUS, meu DEUS, eles acreditam que DEUS  é fiador, agencia de empregos e muitas outros coisas. Depois é só melhorarem um  pouquinho e ai pronto, voltam as festas e deixam a igreja.
- Eu sei, pois já o fiz muito. Envergonho-me disto e o fiz sem perceber o que fizera.
- Claro  que sim, não o estou julgando por isto.
- Sempre tive muita fé, mudei muito de religiões e não consegui me dar bem com elas.
- Você não é o único. No mundo inteiro existem milhares de religiões diferentes e a humanidade parece não progredir apesar disto.
- Por quê?
- Porque os homens não estão procurando DEUS nelas e sim sucesso nos negócios e vida social. Neste exato momento chegamos às profecias que pregavam sobre os falsos profetas da Nova Era existem muitos livros sagrados espalhando falsas verdades sobre DEUS. A política sócio-religiosas invadem as mentes mais frágeis e vulneráveis às emoções, hoje se prega em algumas igrejas mais o temor ao Diabo do que o amor a DEUS e isto encabresta as almas boas impedindo o seu crescimento espiritual é como se colocássemos um capacete da ignorância e isolássemos suas mentes para não sofrerem as más influencias das verdades que os impediriam de encherem os bolsos daqueles que vivem da indústria da fé.
- DEUS! O que eu faço com tudo o que aprendi nestas igrejas?
- Eu nunca lhe disse que era DEUS.
- Quem então você é?
- Uma das verdades de DEUS.
- Como assim?
- Você realmente acha que DEUS iria descer e se materializar para você sem o fazer para todas as suas criaturas? Você realmente acredita que só haja vida aqui no seu planeta e que vocês são o centro do universo?
- Não vai me dizer que você é um Marciano?
- Eu poderia ser um Veneziano e outros bilhões de opções e você não seria capaz de perceber. Se fosse um homenzinho verde como se comportaria comigo?
- No mínimo eu sairia correndo e gritando por socorro.
- Pois é. Se ainda pertence-se a sua antiga denominação religiosa diria que sou o Diabo, mas como não tenho a dele você nem desconfiaria disto.
- Isto é...
- Mas agora me diga. Como é o Diabo.
- Não sei, nunca o vi!
- Engano seu, ele existe sim e está dentro de você. Ele se disfarça nas suas mentiras, vaidades, conjecturas infundadas, projeções ambiciosas e irreais de um futuro que pode não passar de uma utopia, você consciente ou inconscientemente pode ser DEUS ou o outro, basta fazer sua boa ou má escolha. Se quer mesmo saber, vocês não estão no topo da criação Divina como pensam, em breve a verdade a que JESUS se referia aparecerá ( conhecereis a verdade e a verdade vos libertará). Vocês definiram seus padrões de homens     descendentes de DEUS tem que ser brancos, bonitos, ricos, fortes e um milhão de outras qualidades que acreditam piamente serem. Agora me diga, e se a                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                        verdadeira identidade Divina for um homenzinho verde, pequenino, desdentado... Como reagiriam você e esse monte de hipócritas que comandam seus governos?
- Bem...
- Não precisa responder seus irmãos já o fizeram ao longo do tempo. Quando o perfeito veio ao mundo falar de amor, vocês queriam a guerra, quando pregou o perdão vocês queriam vingança, quando chegou em um burrico com uma folha de palmeira, vocês preferiram um cavalo branco e robusto com uma espada na mão proclamando a morte de seus inimigos. Será que vocês nunca estão satisfeitos com nada?
- O silencio tomou conta de meu coração e da minha boca.
- Bem! Tenho que ir.
- Não vá, tenho muitas perguntas.
- Outro dia quem sabe.
- O homem sumiu como apareceu e só ai percebera o que me aconteceu.
















Capitulo 02





Reflexão





Durante muito tempo em minha vida acreditei estar sendo perseguido ou injustiçado. Acreditava piamente que todos os outros estavam errados eu o único certo, que minhas verdades estavam sendo destorcidas e jogadas ao lixo sem que fossem apreciadas.
Mas a vida nos impõe algumas pegadinhas que no momento em que acontecem nos desequilibram e enfraquece-nos, mas a nossa ambição nos envolve em nossas inverdades e que nos engana em vaidade.
Somos fruto de nossa própria criação e subjugamos todos os outros conceitos de existência, acreditamos estar no centro de um universo escuro e profundamente solitário. É como se as estrelas não tivessem outra importância que não a de alegrar a nossa noite eterna. Desde a minha juventude cometi erros que hoje me arrependo profundamente. Ás vezes enquanto caminhos pelas ruas desenvolvendo o meu trabalho de representante comercial começam a me lembrar de atitudes infantis e incoerentes que hoje com a bagagem de vivência que possuo não os faria jamais. Mas no deleite de uma vida plena de vontade de me corrigir a tempo e construir um mundo melhor para a humanidade vindoura, entro num absurdo conceito de condenação pessoal e acabo com isso me enfraquecendo e demorando muito para tomar decisões importantes para mim e para outros.
Precisamos de vês em quando, fazer uma limpeza profunda em nosso armário metal pois lá podem estar guardadas lembranças profundamente nocivas a nossa saúde e com isso podemos estar nos envenenando aos poucos.
Um dos pecados capitais mais graves que podemos cometer é a maledicência com a vida alheia, o mau dizer é um péssimo habito humano e não existe um só espírito sobre a terra que não cometera algum dia este pecado. Quando deixamos de estar procurando soluções para os problemas comuns a todos e paramos nossas vidas para cuidar da de outros incorremos num crime contra as leis naturais do universo. Com uma frase chave JESUS nos deu um conselho que qualquer homem razoavelmente inteligente deve seguir sem titubear: “AMAI A TEU PRÓXIMO COMO A TI MESMO”!
Como seremos felizes nesta ou em qualquer outra vida, se perdemos mais tempo vivendo a vida dos outros que a nossa própria? Como prosperaremos como espíritos e como pessoas se não formos nós mesmos e sim uma maneira que criamos para enganar os outros? Não da para representar o tempo todo, não é mesmo? Sendo assim, devemos parar urgentemente para nos conhecer e descobrirmos nossos valores pessoais e os por em prática rapidinho.
Durante alguns dias fiquei pensando naquela conversa que tive com aquele ser especial que me visitou no meu quarto. A principio, o pensamento que me assaltou foi o de que ficara maluco sem o perceber, mas conforme os dias passavam comecei a perceber as mudanças que ele deixou em meu espírito e em minha mente.
No trajeto de trinta e cinco quilômetros de Suzano até Guarulhos diário me começaram a surgir coisas que até então eu não havia percebido. Coisas como o nascer do sol, a lua que se apresentava em alguns dias mais cedo de maneira bem clara misturando dia e noite com duas estrelas tão especiais.
Quantas coisas começaram a ter um valor mais relevante para mim, não que antes eu não os desse, mais agora era totalmente diferente.
Como um bom pernambucano, sempre adorei forró, mas a música clássica entrou suavemente em minhas veias e mudou o meu sangue para melhor. Voltei a gostar de pintar minhas telas, a querer assistir espetáculos de dança e teatro, era como se uma avalanche de prazeres sutis me abraçassem aos poucos, mas entre todas estas coisas a necessidade de me tornar cada vez mais humilde era sem dúvida nenhuma o marco zero desta nova geografia humana que despertara em mim.
“O homem não precisa de adornos, mas sim de essência!”
Esta frase se tornara uma constante em meu pensamento a cada vez que a vaidade de mostrar para alguém em que estava me transformando. O meu espírito manifestava dentro de mim um profundo conhecimento do qual eu nunca teria conquistado por minha própria cultura, pois graças a uma vida de necessidades desde a infância, não podendo freqüentar grandes escolas ou núcleos culturais bem estruturados. Mas isso na verdade não importa muito, pois a base que um homem precisa para ser alguém digno eu tenho, o orgulho de dizer que enquanto criança tive os melhores pais que alguém pode  ter.
Comentei com minha irmã caçula Silvaneide, sobre estas transformações e ela gravou para mim algumas sinfonias que tinha, pois é professora de crianças especiais e as usa nas atividades como diz ela, com os seus bebês.
Minha irmã mal sabia o bem que estava a me fazer.





















Capítulo 03




Uma visita especial





No outro dia, um domingo de junho, depois de almoçar na casa de minha sogra, voltei sozinho para casa para dormir à tarde, já que durante a semana por força de meus compromissos  dormia muito pouco.
Fechei todas as portas, as cortinas e apaguei as luzes. Era uma tarde fria de outono, mas propícia para um merecido descanso. Ao ligar o aparelho de som e ouvir as primeiras notas musicais e após cada tom sentia uma transformação em minha alma, era como se esta, se elevasse por uns instantes e entrasse em sintonia com algo que até então eu desconhecia. 
Primeiro as Quatro Estações de Vivaldi, depois o clímax etéreo se deu, quando ouvi Danúbio Azul de Strauss. Eu jamais senti algo tão forte e especial em toda a minha vida. Foi como se meu espírito estivesse se encontrando com a lua e se tornara por alguns instantes, algo leve, puro e transparente. Lendo alguns livros espíritas, descobri que supostamente, embora tenha sido confirmado por estes espíritos que as musicas tocadas no plano espiritual, sejam infinitamente diferentes destas nossas aqui, pelo menos na minha compreensão.
Entretanto. Não é preciso ser um espírito elevado para perceber que as musicas contemporâneas terrestres, na maioria das vezes, não passam de encheção de lingüiça e barulheira plena. Hoje em dia, é muito difícil se lançar   um disco e se comenta muito que isto ocorre por falta de investimentos no setor, mas eu posso lhes garantir, que o maior problema é a falta de qualidade em sensibilidade e criatividade humana.
Enquanto absorvia a suavidade das sinfonias que ouvia mesmo sem compreender o principio das coisas musicais, fui suavemente acordado por uma vós que me chamava ao longe.
- Gostou?...É assim que se vive...
Abri os olhos suavemente e voltei mentalmente ao meu quarto. Só consegui perceber a pequenina lâmpada verde instalado na tomada próxima ao chão dando-me a clareza de meia luz.
A voz doce e suave ecoou novamente em meu ouvido:
- Que bom está aprendendo rápido! Você merece.
- Quem está falando? O que quer comigo?
- Sua felicidade, é o que queremos. Seu aprimoramento moral e espiritual nos concederá uma alegria sem par. Você não tem a mínima idéia do quanto você é importante para nós.
- Por que diz isto?
- Por sua missão!
- Missão? Até hoje não tinha missão alguma.
- Tinha! Você pode não lembrar, mas um compromisso foi assumido antes de sua partida e precisa ser concretizado o quanto antes. Está escrito. O pai celestial e universal espera sua iniciativa.
- Desculpe senhor, mas a minha vida é muito agitada e não tenho tempo para mais nada e se DEUS sabe disto, por que iria me arrumar mais essa?
Porque você está aqui para fazer a sua obra.
- Minha obra? Isto deve ser uma piada não é? Ao contrário. Isto é muito sério. DEUS te constituiu com virtudes que poucos têm e você deve de imediato descobri-las e trabalhá-las profundamente para que não haja fraquezas em sua caminhada. Quando se tem a missão como esta que você possui para honra e glória de nosso CRIADOR muitas armadilhas são montadas para que o trabalho não seja concretizado e eu e nossos amigos estamos aqui para auxiliá-lo no que podermos, mas lembre-se sempre disto: a missão é sua, só você poderá executá-la, aprenda tudo o que poder agora, pois a caminhada é longa.
- Obrigado por me animar tanto. – respondi com ironia.
- Gostou das flores?
- Que flores?
- As do caminho.
- Claro! São lindas. Estavam ali há tanto tempo e eu nunca as percebi.
- Você as via mais não enxergava.
- Como assim?
- O seu corpo via, mas sua alma não. Sua                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                 conexão com o universo estava numa freqüência diferente desta que está hoje.
- Não entendi!
- Eu sempre estive ao seu lado, mas você nunca me percebeu.
- Claro. Você não é deste mundo.
- Sou sim. Pois vivemos em freqüências diferentes e por isso não me percebera.
- Porque agora o percebo, mas só vejo parcialmente e o ouço como agora?
- Temos níveis diferentes e tempos diferentes. Você conquistou o direito deste contato por que teve um instante de humildade plena e assim foi permitido o nosso contato, caso contrário, nem isso o teria. O seu progresso seria quase nulo, tanto na terra como no céu como vocês o chamam.
- Por que estas coisas não nos foram reveladas a      antes?
- Mas foram. Você que não teve a sensibilidade para ouvir o que nosso amado Jesus lhes deixou como  herança e só ouviu o que lhe interessava.                                                               
– É! Isto é um fato que não tenho como negar.
- Mude de atitude e faça a partir de hoje as melhores coisas que um homem pode fazer enquanto carne. Defina seus ideais voltando-se para o bem comum. Seja mais franco, mais claro, menos ansioso e preciosista.
- Como assim?  Preciosista.
- Quantas tarefas você executa, achando que é o único a poder fazê-la. Quantas vezes você deixou de ensinar trabalhos simples a um novo colega de serviço, achando que seria passado para trás e perderia seu lugar para ele se o ensinasse seus afazeres.
- O que quer dizer? Que sou inseguro?
- Não. Egoísta!
- Eu nunca fiz isto.
- Fez. E se forçar sua mente, lembrará de tudo. Quantas vezes obstruímos os caminhos de outros com a idéia de que; em time que está ganhando não se mexe. Às vezes, um colega novo de trabalho se destaca e vira chefe e aquele que almejava sua vaga, coloca todos os outros contra este, levantando falso e o caluniando por trás de suas costas, sem lhe dar o direito de se defender. O pior tipo de pensamento é o coletivo.
- Como se define?
- Por exemplo; Ritller. Achou que deveria purificar a raça humana e começaria por eliminar os Judeus. A base da força e ideologias raciais e preconceituosas convenceu outras pessoas, inclusive gente muito inteligente e importante da época e promoveram o maior massacre de toda a história. Você pode não acreditar, mas ele e seus parceiros realmente achavam que estavam fazendo o bem para a humanidade. O mesmo se faz com estas seitas de loucos que se suicidam para pegar carona numa calda de cometa e em outras tantas loucuras, achando que chegariam mais cedo para perto de DEUS.
- Caramba! Eu nunca pensei nisso!
- Precisamos escolher melhor nossas companhias e nossos ideais. Nossas escolhas podem fazer uma grande diferença na vida dos outros que sejam próximos ou não de nós.
- Mas e eu? Onde fico nesta estória?
- Descobrirá no final que conforme a criança cresce seu destino se conhece.
- É poético, mas pouquíssimo claro.
- Filho. Por que existe a escuridão?
- Talvez para darmos valor à luz?
- Também, mas... Olhe! O que é aquilo?
- Aonde? Perguntei virando-me para a parede contrária. Quanto voltei à vista, ele não estava se fazendo presente em meu quarto.
Sentindo-me de certa forma traído, levantei-me da cama, desliguei o som e tomei um agradável banho.
Senti-me muito leve e calmo. Não sei se por efeito da música ou se por aquele visitante especial que novamente, apesar de muito me intrigar, também acabara por passar-me uma energia muito especial a cada encontro que tínhamos.


























Capítulo 04




                                                                   
Introspecção






Poucos dias depois de nosso ultimo encontro, me invadiu uma vontade imensa de me autoconhecer melhor, pois por diversas vezes cometera erros banais que poderiam perfeitamente ser evitados.
Durante muito tempo me coloquei imponente diante de tudo e de todos. Acreditava piamente que iria vencer na vida e teria um futuro muito melhor do que a maioria de meus amigos o tinha.
Na verdade, sentei-me em cima do muro da burrice e entreguei a minha vida à vaidade que nada me pode acrescentar. Por quanto tempo deixei de viver minhas verdades para viver as mentiras dos outros. Desvinculei meus sentimentos maiores que deveriam ser canalizados a pessoas necessitadas, para fugir de minhas responsabilidades morais e espirituais. Deixei de plantar bons frutos em solo fértil, para deitar-.me em areia movediça, na intenção de mascarar o meu espírito com o bronzeador da pobreza de intenções.
“Não julgues para não sedes julgado”!
Esta frase não me saia do pensamento. Onde quer que estivesse, ela perseguia-me a todo instante e por mais que eu tenta-se me desvencilhar do infortunou de sua insistência mais o parecia fortalecer dentro de mim.
Enquanto dirigia por uma rua do centro de Guarulhos, vi uma mãe acoitar as costas do seu filho de aparentemente nove para dez anos. A mulher enlouquecida esbravejava com aquele garoto e batia-lhe nas costa com a palma da mão direita. Vendo aquela cena deu-me vontade de largar o carro na rua e devolver a mulher os tapas que despejava na criança indefesa. Foi quando percebi algumas pessoas na calçada comentando sobre o assunto e alguns deles assustados com a cena.
Após estacionar meu carro, perguntei à garota da zona azul que me vendia o cartão de estacionamento sobre o que havia de fato ocorrido e ela me disse que o garoto que apanhava havia se atirado na frente de um taxi que fazia ponto no Hotel de Luxo que ficava a alguns metros dali.
Mas o que isto tem de tamanha importância para uma criança ser agredida de tal forma?
Se o fato fosse só este, nada. Mas na última semana quando saiam do consultório médico do qual freqüentam uma vez por semana enquanto a mão pegava no colo sua pequena filhinha, o mesmo garoto a desobedeceu e foi atropelado por outro veículo do mesmo porte, mas como esta rua é de velocidade baixa não sofrera grandes arranhões e hoje temendo pela vida do seu filho deixou a pequena com a vizinha e ele ao atravessar a rua soltou-se da mão da mãe novamente e deu no que deu.
Meditei por todo dia na situação que presenciei e percebi que por muitas vezes fiz o mesmo com meus filhos. As crianças são sem dúvida seres muito especiais, mas que por muitas vezes nos levam a loucura.
Nada justifica a  atitude daquela mãe, mas, em virtude de seu desespero, do medo de perder seu filho, tomou uma atitude impensada e desproporcional ao fato. Ao invés de acolhê-lo e dar graças a DEUS por estar vivo devolveu-lhe a violência da qual deve ter sido vitima por toda a sua vida.
Quanto a mim, deveria tê-la ajudado a se acalmar naquele instante de desespero, fiquei estático a beira da calçada especulando sua vida.
Quantas vezes deixei de esclarecer as pessoas de seu atos involuntários e fiquei as condenando pelas costas?
Quantas vezes me perdi na inércia de minha covardia em enfrentar a verdade e resolver algumas crises que estavam a meu alcance?
Hoje. Depois de ter conhecido o inexistente e o inesperado, de vencer e ser derrotado me encontro aqui julgando aos outros sem Ter a mínima noção da importância deste ato.
O pior julgamento é o que fazemos de nós mesmos, pois neste universo criado por nosso DEUS, somos os únicos a nos conhecer melhor que nós mesmos e nos colocamos na condição de nosso próprio carrasco. Nos mal tratamos e envenenamos nosso corpo com, mas lembranças de culpas anteriores que nos vem à tona constantemente alfinetando nossa alma culpada.
E isto nos resolve alguma coisa?
Com o pesar de tantas culpas nos colocamos para baixo e atrapalhamos profundamente o nosso progresso. Devemos nos arrepender por todo o mal que fizemos a nós mesmos, pois quando magoamos a alguém, magoamos principalmente a nós mesmo. A sagrada lei da ação e reação existe e não nos deixa impunes por muito tempo. Bem. É como diz a estória: “aqui se faz, aqui se paga”!

























Capitulo 05





Meu novo amigo





Quando criança. Na cidadela de Altinho no agreste pernambucano. Vivi profundamente em contato com a natureza e trouxe para os dias de hoje lembranças muito agradáveis dos meus dias de infância.
Divido com meus filhos pequenas estórias e lendas de meu povo e desperto neles um profundo respeito pelas coisas de minha terra.
Às vezes me ponho a perguntar sobre nossa origem astral e física. Somos oriundos de que povo? Qual constelação nos definiu a forma de vida?
Por acreditar em coisas que poucas pessoas têm a coragem de comentar é que me sinto um estranho no ninho.
Não posso acreditar como os meus amados irmãos evangélicos que, após a morte, nós simplesmente dormimos e aguardamos a volta de nosso amado senhor JEUS para julgar-nos e irmos para o céu ou para o inferno. Esta atitude seria condenar toda a criação maravilhosa de DEUS  a inutilidade eterna.
Como pode DEUS tão excelentemente justo, criar pessoas tão diferentes e em classes e condições de vida e moral, tão contrapostas para chegarmos todos juntos e recebermos um veredicto sem termos conhecidos e experimentado o que os outros viveram e provaram. Isto sim seria jogar fora o dom da vida eterna.
Foi num destes dias de questionamento puro e de uma insegurança absurda que assolava o meu peito, que ao passar numa capela muito antiga de Nossa Senhora do Bom Sucesso em Guarulhos, que decidi parar por uns instantes e refletir melhor sobre minha existência.
Encostei o carro e entrei na bela capela. Enquanto sentado à beira de um antiguíssimo e belo altar, de estilo barroco, pus-me a pensar no quanto era difícil a minha vida. Sempre me imaginei formado e com uma carreira publicitária em eterna expansão e sucesso. Uma vez que sempre fora comunicativo e extremamente criativo além de desenhar muito bem. Mas ao voltar meus pensamentos ao passado para descobrir as minhas falhas, senti se aproximar de mim um velho jardineiro com uma tesoura de corte de plantas ainda suja de caule, como se acabasse de cortar uma flor ou uma planta qualquer pelo cheiro que brotava da sua mão ou da ferramenta cortante.
- Com licença moço – aproximou-se se dirigindo a mim com sotaque um pouco acaipirado dos irmãozinhos do Vale do Paraíba.
- Claro senhor!
- O moço se importa se eu sentá um poquinho?
- Claro que não. Seria para mim uma honra!
- O moço tá meio triste?
- Como o senhor percebeu?
- Por sua feição e também pelo batê do seu coração.
- Nossa! É tão barulhento assim?
- Num é não moço. Mais eu como os elefante, que ouve o que os outro num ouvi e senti a sua dor.
- Então o senhor é uma pessoa além de muito sensível é muito especial.
- Todos nóis é. Mais muitos de nóis, num reconhece isso.
- Não entendi!
- O sinhô é muito ispeciár, mais tá aí estragano o brilho que DEUS te deu.
- É verdade amigo. Estou mesmo.
Enquanto fitava-me com os olhos, tirou do bolso uma palha e um pouco de fumo de corda que trazia no bolso direito de sua camisa azul. Seus olhos eram azuis claros igualzinhos aos do meu avô João Manuel, me olhava com uma ternura inigualável, havia muita doçura em sua face enrugada e queimada pelo sol. O seu perfume de florista me deixava ainda mais intrigado.
- Qué falá pro véio aqui, o que ti dói dentro do teu peito?
Como deveria eu abrir minhas particularidades para um senhor que nunca o vi antes. Como uma pessoa tão simples e sem cultura poderia examinar as minhas dores e me acrescentar de alguma forma?
- Sabe fio. Às veis, agente pega um vazinho di flô e vê que ela tá murcha.  Nois decha ela lá num canto e espera duas coisa: ou ela morre i nóis joga ela fora, ô nóis pega uma tesora, como essa aqui e corta direitinho pra nascê outra, mais formosa do que aquela qui muchô. Assim prócede com o ser humano também. Quando agente murcha um poquinho, corre o risco de i murchano, murchano e morreno aos pouco. Mais nois somos errado em fazê isso, porque nóis pode pedi socorro e as planta não, não é fio?
- É verdade senhor. O que o senhor acha que devo fazer para melhorar desta tristeza?
- Cortá o gaio desta danada de tristeza, qui num tem motivo de existí dentro de ocê.
E como farei isto?
- Dexa de lado essa curpa qui tá ti matano aos poco, isquéci essas bobagi, u qui passo, passô ara!
- É senhor!  Mas os meus fracassos estão me atormentando e complicando o meu futuro. Estou com trinta e oito anos e até agora não tenho onde morar.
- Num tem memo?
- É. Tenho. Mas a casa não é minha.
- O que tem isso?
- Bem. Todos os meus amigos, já tem suas próprias casas. E eu, por mais que lute, vivo endividado e não consigo separar um níquel se quer, para dar entrada num terreno.
- O que isso tem de errado fio?
- Tudo. Por que todos os outros conseguem e eu não?
- Porque tu num inxerga um parmo a frente do teu nariz. Tu tá tão preocupado im consigui, que num sai do memo lugá. Fica aí como um doido andano pra lá i pra cá, num planta raiz im terra nenhuma e nunca dá fruto.
- Nossa! Assim o senhor me ofende.
- Discurpi fio, mais num dá pra fala de outro jeito não.  Ô tu acorda, ô num chega a lugar argum. Tu mim dissi qui todo os teu amigo já tem casa e eu ti digo qui eles num tem nada! Ninguém é dono di nada. DEUS num dexô título di propriedade assinado pra ninguém. Oia fio. Quando ELE decidi, ele tira tudo de nóis i nóis vai pagá pur nossa arrogança. Muito pai di famía, só consegui sua morada depois que os fio créci i ajuda a consegui o teto pra todos e gerarmente eles só consegui quano tem quase u dobro di tua idade. Otros tem a morada, mais num tem aligria, porque em nome desse mardito mar uso du dinhero, dexa pai i mãe, qui é a coisa mais sagrada qui tem e vai imbora si aventurá pela vida i muitas veis, na ora da morte, num si dispede de pai, nem mãe.
Às veis u pai i a mãe acha qui eles num manda noticia, por istá bem demais e num lembra deles e mar sabi, qui tão morto, ô durminu numa carçada imbebedado, passano frio i cuberto só por umas foia de arve, num banco duma praça.
Enquanto o homem falava sem parar, eu viajava em meus pensamentos, imaginando as cenas que ele me descrevia com tamanha pureza e sensibilidade.
Sua atitude me reduzia ao tamanho de um grão de areia, pois de imediato, subestimei sua sabedoria  e compreensão da vida, como se pelo fato de eu falar corretamente, me fizesse mais sábio e inteligente que ele.
- Fio? Tá ovino o véio, tá?
- Claro senhor!  Desculpe-me, pois o seu pensamento tocou tão profundamente em minha alma que por uns instantes me desliguei.
- Mim dê sua mão um poco.
- Claro senhor!
Segurei a sua mão quente e cheia de calos, provocadas pela tesoura que carregava para onde fosse e entrei numa espécie de tranze e vi uma multidão de pessoas numa fila indiana, bem trajadas e se comportavam com se assistissem a uma palestra e o palestrante, mesmo estando muito longe era Jesus. Uma música clássica ao fundo, tocada em um piano e uma linda orquestra de anjos o acompanhava. A imagem estava um pouco destorcida. Era como se um filme, fosse projetado numa grande tela e uma grande nuvem de repente, tomasse conta da sala...
- Senhor... Senhor...
Ouvi uma voz longínqua a me chamar.
- Senhor... Acorde por favor...
- O que? Quem é você?
- A faxineira da igreja senhor. Precisa sair para que eu limpe-a para missa que começará daqui à uma hora.
- Claro senhora! Desculpe.
Levantei bruscamente e dirigi-me a porta da frente da igreja. Antes de cruzá-la, perguntei pelo velho e ela disse-me que não o conhecia e que não havia ninguém parecido na comunidade.
Entrei no carro, coloquei o cinto de segurança e quando partia ouvi alguém gritar por mim. Voltei os olhos ao retrovisor lateral direito e vi a faxineira se aproximar,
- Senhor! Esqueceu isso aqui!
Olhei para sua mão e qual fora a minha surpresa... Era a tesura de jardineiro do velho! Ainda pensei em interrogá-la sobre ele novamente, mas mudei imediatamente de idéia. Peguei a tesoura agradecendo-a e parti para Suzano.



       


Capítulo 06





Diferenças importantes




Dias depois daquele encontro na igrejinha, voltei a pensar no velho que me abordou tão graciosamente. Sua doçura no olhar, suas palavras cheias de ensinamentos me trouxeram algumas lembranças do meu passado.
Por diversas vezes mudei de religião. Usei e abusei do direito de ir e vir. Isto de vez em quando, me gerava uma gracinha de um ou de outro, mas se era o preço para ser pago por minha insegurança, eu o pagaria!
A cada vez que a trocava, procurava uma falha justa ou injusta como pretexto para a minha saída. Pequei muito com isso, pois havia nelas, coisas belíssimas que não deveriam ser desprezadas por inteiro, pois na maioria das vezes, o problema estava comigo e não com elas.
Outras tantas vezes, acusava meus pais por minha falta e inconstância religiosa e também minha esposa por só me acompanhar no inicio e deixar-me seguindo só, a minha caminhada religiosa. Neste último caso, o fazia, por achar que sendo os dois um só corpo, deveríamos seguir juntos para alcançarmos o nosso ápice espiritual.
Nunca compreendi nela a falta de fé que em mim havia em excesso. Nunca percebera que o excesso que abundava a minha alma, me fora muitíssimo prejudicial, pois sendo assim, deixava-me influenciar facilmente por pessoas sem escrúpulos nenhum, que abusavam de minha boa fé.
Mas isso tudo se findou quando conheci profundamente os livros filosóficos espirituais. Eles me fizeram refletir melhor sobre meus anseios e frustrações. Parei de cobiçar o DEUS do ouro e do diamante e construir um mundo melhor como servo do DEUS da simplicidade e da universalidade de raças e povos.
Descobri nestas viagens espirituais que muitas igrejas que manifestam sua rejeição a centros espíritas de umbanda e candomblé, praticam praticamente os mesmos rituais e são quase religiões irmãs, pois alguns exorcismos em cima de palcos evocam espíritos atrasados e sem doutrinação para chamar a atenção de seus servos.
Descobri que o homem no seu mais profundo instante depressivo, necessita de espetáculos para aguçar a sua fé. Por muitas vezes, depois de tê-las deixado, comentei com alguns ex-irmãos, digo isto, pois para eles, tornei-me um homem do mundo e indigno de ser filho do DEUS que é só deles, e os mais devotos as suas doutrinas, disseram-me que isto não importava, e sim o resultado de salvação de muitas pessoas na conversão da fé. E ainda dizem com maior cara de pau que os espíritas são filhos do diabo.
Mas em todas essas mudanças, algumas pessoas especialíssimas como dois pastores de Suzano que reconheciam algumas provas que o espiritismo defende como: a existência dos chácras em nossos corpos, embora não o falassem muito abertamente sobre o assunto e não escandalizar os mais conservadores e se dedicavam com um profundo amor as coisas de DEUS, como até hoje o fazem e muito bem.
Certo dia um deles, o mais velho, condenou algumas outras igrejas que enviavam alguns de seus fiéis para gritar em frente à igreja católica, contra a doutrina católica e muitas outras como o espiritismo, budismo, messiânicos, que generalizam por macumbeiros.
Assim como estes dois existem espalhados pelo mundo inteiro, homens íntegros e verdadeiros de centenas de crenças, que acrescentam verdadeiramente na vida de pessoas que se encontram fragilizadas pela falta de compreensão no que chamam de coisas divinas.
A incoerência religiosa foi prevista por JESUS CRISTO e muitos outros profetas espalhados pelo mundo inteiro e nas mais variadas línguas e épocas. Cabe a nós, nos tempos modernos, fazermos a nossa parte na melhoria espiritual do nosso querido planeta e nas relações entre nações e religiões diversas de todo o planeta.












Capítulo 07




Na pracinha




Faziam mais de três meses que recebera a visita do meu misterioso amigo. Foi quando numa tarde de domingo, eu estava observando minhas crianças a andar de bicicletas na pracinha da igreja do meu bairro. Foi quando uma senhora que ali passava começou a apertar o bracinho de sua filhinha de aproximadamente cinco aninhos e o que eu pude ouvir no ranger de seus dentes é que a criança não sabia comportar-se diante dos outros, com a mini saia que vestia.
Ora! Como pode uma mãe repreender uma criança de cinco anos, por usar uma minúscula saia que a própria mãe escolheu para ela. Não posso acreditar que uma criança daquele tamanho soubesse o que significaria um pecado, ou pelo menos, o que isto significaria.  Foi quando senti um vento no rosto e um perfume suave que me tocou a alma.
- Bingoooo!
Olhei para trás e não vi ninguém.
- Sou eu meu filho.
- Olá! Como vai o senhor invisível? – falei com ironia.
- Muito bem! Especialmente agora com os resultados do seu progresso.
- Progredi mesmo?
- Claro filho!
- Que bom!
- São lindos seus filhos.
- Obrigado. Eu também os acho lindos.
- Puxaram a mãe.
- Chegou engraçadinho hoje não? Meu querido fantasminha.
- É! A graça é um dom divino. Gostei da sua atitude em relação à criança.
- Eu estou inconformado, pois não acredito que ela tenha cometido algum tipo de pecado.
- O que é pecado para você filho?
- Acredito que seja o ato praticado contra as leis de DEUS em pleno uso de sua consciência racional.
- Isso mesmo! Mas, com um agravante. Podemos Ter uma atitude errada aos olhos de DEUS, ou pelo menos na visão e incompreensão humana e isto não necessariamente se converte em um pecado legítimo, isso se matarmos alguém acidentalmente por disparo de uma arma ou uma colisão de carros. Mas, quando apontamos a mesma arma para matar um pequeno e indefeso passarinho, isto sim pode ser um pecado grave.
- Será?
- O pecado não está necessariamente no ato praticado, mas sim na intenção em que foi praticado.
- É! Vendo por este lado, o senhor está coberto de razão.
- Pense numa pipa.
- Pensei. E agora?
- Imagine ela solta no ar. É linda não?
- É verdade. É muito bonito vê-la voando apoiado pela alegria de uma criança solta ao vento.
- Agora. Imagine sendo você esta criança, brincando inocentemente e de repente aparece um garoto de uns quinze anos munido de outra pipa cheia de cortante na linha e desbica em sua direção e corta a sua linha e toma a sua pipa.
- Isto é no mínimo frustrante.
- É filho. Isto é no mínimo uma maldade. O mundo é assim filho. Existem homens que constroem pipas e outros usam da mesma invenção para destruir a alegria dos outros. Assim é como o caso do cortante.
- Eu não tinha pensado assim antes? Mas a sua teoria a se consolida em casos como o de Santos Dumont. Ele criou o avião para ser usado em benefício da humanidade e vem o outro usando a sua idéia para a destruição em massa, como o caso de aviões de guerra com bombas profundamente destrutivas.
- Eu gosto disso!
- De que senhor?
- De você filho! Aprende muito rápido!
- Ora! Enfim um elogio.
- É, mas não se convença muito...
- Chato!
- Eu ouvi filho...
- Desculpe...
- Tudo bem!
- Senhor. Quando verei a sua face?
- Tudo tem seu tempo. Acalme-se rapaz. Agora vá para a sua casa, que o almoço está pronto.
- Obrigado! Já esta mesmo na hora. Adeus senhor.
- Até logo filho.
- Crianças. Vamos almoçar.
- Ah! Pai.
- Ah! Nada. Vamos logo.
Enquanto seguia-mos para casa, minha filha me indagou.
- Pai! Quem era aquele vô que estava com você lá na praça? 
- Que vô, filha?
- Aquele pai. Que estava ao seu lado lá na praça. Outro dia quando eu fui com o Thi comprar balas no mercado, uma bicicleta ia me atropelando e ele me puxou e eu não me machuquei.
- Jura filha?
- É pai. Eu agradeci a ele por salvar ela.
- Você também filho?
- Sim pai. Por que esta cara de espanto? Parece que viu um fantasma?
- O pior é que só eu não vi filhos!
















Capitulo 08





Análise ou crítica?





Outro dia. Eu estava assistindo a um programa rural na TV, quando passou uma matéria fantástica sobre um americano adestrador de cavalos, que tem um trato totalmente diferenciado com os animais e com isso consegue, ao contrário de seus colegas que levam aproximadamente de sete a oito semanas para domar o animal. Este por sua vez, em apenas algumas horas e isso é para mim profundamente fascinante.
Sua técnica baseia-se no respeito e na docilidade com o animal, não o transformando numa presa vulnerável ao ataque, mas sim, num ser respeitado e protegido. Os outros batem, amarram e machucam os cavalos e ele o espera cansar de sua fuga em circulo numa arena redonda e confortável. Quando o animal se sente fraco e cansado, ele se apresenta a ele com humildade e respeito e este por sua vez, percebendo seus seu gesto vem a seu encontro, com serenidade, o conquista e coloca sobre ele, a sua primeira sela sem gerar trauma algum, apenas com amor e respeito.
Transpondo esta situação aos homens e principalmente para alguns chefes de setor que se acham soberanos diante de seus subordinados e só conseguem ser felizes às custas de destruir a alto estima dos outros.
Estes que se dizem ser profissionais estão com os dias contados, pois sua arrogância e prepotência os cegarão antes que sigam a sua linhagem coronelistas que hoje se tornou inteiramente obsoletas. Diante da boa fé, que a humanidade que o tende a se fortalecer dia após dia, estas pessoas estão ficando sós e para trás.
Existem dois tipos de lideranças totalmente diferentes uma da outra:
 A primeira e mais antiquada, baseia-se no imperador geral que se senta ao trono da sua incapacidade profissional e que exibe seu diploma na parede e finge para si mesmo ser atual e respeitoso com o grupo que dirige. Este é capaz de tirar fotos simpáticas para exibi-las pelos corredores da empresa e oprime imediatamente as idéias de seus subordinados dizendo que estão fora de contexto. Ou até aceita sugestões e as usa em seu próprio deleite e fama.
O segundo tipo senta-se em meio ao grupo e é respeitado por todos porque faz realmente a diferença. Conhece de perto os anseios de seus colaboradores e os trata com respeito. É parceiro, soberano por suas virtudes, conciliador, maduro, cortês, compreensivo, discreto, voluntário e descobre os valores de cada um de seu grupo e os utiliza cada qual conforme suas características.
A idéia do conjunto se fortalece a cada dia mais em todo o mundo, pois hoje em dia pega muito mal ser mau, arrogante e prepotente. Num planeta que começa a descobrir que o bom uso da psicologia, pode proporcionar resultados ultra vantajosos para todos. Os próprios governos começam a se transformar e homens de braços fortes, caem por toda parte, dando vaga a soberania popular e a democracia começa a prevalecer sobre as ditaduras.
Outro dia, assumiu na empresa que presto serviços de representação comercial, um senhor do qual chamaremos aqui de Benedito.
Quando este sujeito assumiu nossa gerência, só poderíamos, segundo ele, chamá-lo de diretor comercial e marketing.
Dizia ter recuperado para o mercado, algumas outras empresas que estavam à beira da falência e sob sua preciosa direção, hoje estariam bem melhores.
Sempre muito elegante e gentil foi nos conquistando e colhendo sugestões para acelerarmos o processo de recuperação da nossa, que até aquele instante, não sabíamos que estava em crise.
Seu primeiro grande ato:
Reduziu a nossa comissão, tirando-nos um prêmio sobre a cobertura das cotas mensais, pois todo representante tem por obrigação vencer suas metas sem hesitar.
Segundo grande ato:
Encheu a máquina administrativa de vendas da empresa em quase três vezes mais o número de funcionários. Presumimos que seus salários sairiam de nossos prêmios extintos.
Terceiro grande ato:
Jogar sobre as costas dos representantes, as duplicatas não pagas pêlos clientes da empresa. Isto gerou um verdadeiro banzé no coração do quadro de representantes do país todo. O inconformismo foi geral e a desmotivação foi automática.
Seu primeiro grande erro:
Mexer com a fonte de alimentação da empresa.
Seu segundo grande erro:
Tentar tirar leite de pedra. Sacrificando o emocional do pessoal interno e externo de vendas. Gritando e humilhando as pessoas, que por sua falta de capacidade, tato e estratégia comercia,l não lhe apresentaram os resultados desejados.
 Seu terceiro grande erro:
Achar que era DEUS!
- Ora. Do modo que fala, mais parece um economista ou um administrador de empresas do que um simples representante!
- Que bom que voltou. Quem me dera ter algumas destas profissões!
- Eu nunca me afasto só me faço ausente para que viva livre a sua vida e quanto às coisas que citou a nível profissional, não as tem, porque não teve força e competência para conquistá-las.
- Tive sempre uma vida difícil por...
- Nada disso. Não comece a arrumar culpas para o que nunca tem desculpas. Sua vida teve a importância que você deu a ela. Quanto a dimensões e proporções do seu sucesso ou fracasso foram devido a sua força de busca.
- É verdade! Reconheço que por diversas vezes cansei antes de ter seguido o caminho correto, mas como encarnado eu tendo uma visão limitada, não consegui enxergar a luz no fim dos túneis que a vida me presenteou.
- Sabe filho... Neste mundo de imperfeitos... Devemos ter o máximo de cuidado para não interpretarmos mal o bem que nos fazem. DEUS o nosso pai eterno, deu-nos a todos a inteligência, igualdade, liberdade de escolha e muitos outros verdadeiros presentes, mas nós, na nossa incompreensiva mediocridade não as percebemos quando caem em nossos colos como as folhas das árvores caem no outono e conseqüentemente não lhes damos o valor merecido e passamos o restante de nossas vidas lamentando-nos por nossa tola infelicidade.
Conforme-se com o que tens, para depois poder almejar algo maior. Pois nem tudo quem é bom para os outros é bom para nós e nem tudo o que nos serve servirá nossos irmãos, temos que respeitar primeiro nossa individualidade para só depois compreender e respeitar a de outros.
- Obrigado senhor, eu precisava ouvir isso!
- Que bom que pude lhe ajudar filho, mas preste bem a atenção no que ouvirá agora:
- Você a pouco me disse sobre o seu novo chefe. Que ele está pondo os pés pelas mãos e fazendo uma série de coisas que a seu ver estão em contra-senso com a realidade não é?
- É, mas!...
- Calma. Deixe-me falar-lhe. Você se diz ser um representante e, no entanto esta gastando suas energias em algo que não lhe diz respeito diretamente. Neste mundo em que está vivendo, os homens a cada dia mais tem que apresentar melhores resultados e principalmente àqueles que têm uma função de líder como é o caso em questão. No entanto, você se coloca como analista e juiz do que não lhe diz respeito. Preste bem, atenção:
Quando colocamos em pé uma escada para subirmos em algo muito alto, procuramos sempre uma posição segura e um solo perfeitamente sólido para que ao subirmos não possamos cair. Se colocarmos nossa escada em um solo irregular e ou arenoso conseqüentemente cairemos e fatalmente nos machucaremos, correto?
-  Correto.
- Então filho. Pare de ficar embaixo da escada dos outros. Ela pode quebrar ou cair e se você estiver perto não conseguirá escapar de se machucar.
   “Nunca suba em escadas alheias, pois para cada degrau há um peso que pode suportar!”
- Entendi!
- Ah! Tem outra coisa: “Não se consegue nada aos gritos. Nem aqui, nem em lugar nenhum do mundo. Quem muito grita, machuca a garganta e não se comunica, e ainda atesta ao mundo a sua falta de capacidade, confirmando sua loucura.” Nesta vida de meu DEUS, o equilíbrio é o que faz a diferença, não basta à força desproporcional ao objeto que suspendemos, mas sim, força associada ao equilíbrio. Bem. Fique em paz e boa viagem!
- Boa viagem? E para onde vou? ...
... Ora. Sumiu novamente!






Capítulo 09
       




Em busca de respostas





Passaram cerca de uma semana e meia. As dificuldades financeiras voltavam a me abalar. Meus livros que nunca conseguiam sair do papel vinham de assalto constantemente a meus pensamentos e aproveitando as férias de meio de ano nos estudos de evangelização do centro que freqüento, fui visitar um novo e querido amigo espiritual chamado irmão Frantchesco que quando encarnado era um padre italiano que quando há alguns meses atrás quando nos conhecemos me tratou com tamanha doçura e sabedoria que me comoveram profundamente. Até então por força do meu sagrado compromisso com o a Choupana (meu lar espiritual) temos nos comunicado através de cartas levadas por minha mãe.
Este querido irmão uma vês que me abençoando com as águas aconselhou-me a escrever tudo aquilo que minha mente e meu coração pedissem, pois se até o fim de minha vida, se nada fosse neste plano publicado, eu teria com certeza laçado no universo estas obras e que num futuro distante eu descobriria o valor de as Ter escrito.  Muitas vezes sinto-me inseguro quando a minhas intuições e minha tendência a escrita, mas, obedecendo meus mais profundos e incompreensíveis instintos continuo escrevendo para o universo e quem sabe a minha verdadeira missão se complete neste fato que até então me é inteiramente irracional e inexplicável.
DEUS. Com sua infinita bondade tem me colocado pessoas buscando constantemente respostas sobre coisas que até então não as vivenciei, mas de maneira inexplicável tenho sempre estas respostas na p0ontoa de minha língua e de minha mente.
Seria esta, a maneira que DEUS escolheu para que eu o sirva?
Seria eu, um simples homem que vê nas coisas mais simples um belo motivo para ser feliz?
São muitas as minhas perguntas, mas incrivelmente DEUS nunca me deixa sem as respostas.
O mais incrível me aconteceu quando pedi que se pude-se, o meu anjo da guarde me leva-se para um plano mais elevado para aprender mais sobre as coisas dos espíritos evoluídos , isto não o fiz só uma vez, mas em todas estas vezes me aparece uma mulher linda de cabelos as vezes pretos as vezes mais claros, mas sempre a mesma mulher. Ela sempre me dirige aos lugares mais encantadores que meu espírito já visitara antes.
Certa feita. Depois de tanto pensar nela, resolvi adotá-la como minha protetora e decidi não sei se consciente ou inconscientemente que a chamaria de Íris, que para minha surpresa ao procurar a sua tradução num destes livrinhos de nomes descobri que Íris, era uma Deusa da Mitologia Grega.
Que incrível! - pensei. Como eu pude dar um nome a um ser espiritual sem o saber a tradução e acertar de tal maneira? Como as coisas do espírito são especiais para quem se coloca de forma espiritual diante delas. Hoje me sinto muito mais confortável com esta idéia e constantemente sinto sua presença e proteção.
É muito importe se observar para dar um rumo mais seguro a sua vida. Nunca devemos nos associar a idéias fantasiosas que possam nos separar da realidade, mas devemos obrigatoriamente nos conduzir a uma filosofia de equilíbrio e envolvimento com as coisas do bem. A razão sem a emoção não tem valor, a emoção sem a razão perde totalmente sua consistência e originalidade.



















Capítulo 10





A mensagem e o mensageiro





Querido DEUS! Durante dez anos de minha vida, vivi a sua procura. Busquei em muitas religiões a sua presença e na maioria das vezes isto só aumentou a minha angustia. Sofri.
Desde a minha infância questiono a minha existência e por muitas vezes me arrependi de ter nascido. Mas agora já com meus bem vividos trinta e oito anos, tenho uma consciência um pouco mais fortalecida do seu universo, mas a maldade dos homens me intriga e me entristecem. Sinto muito por decepcioná-lo tanto e por inúmeras vezes não tenho valorizado a minha existência. Tenho tido grandes surpresas ao longo de minha estrada, mas na maioria das vezes sinto-me só e desprotegido, pois o ser humano no ápice de sua maldade me afronta com despropósitos de desmotivação, minando minhas idéias, meus sentimentos e projetos coletivos que beneficiaria inúmeras pessoas da sociedade mais carente. Tenho pedido constantemente a sua luz para iluminar minha mente e que à partir desta luz eu possa construir uma vida melhor para meus irmãos. Embora eu não tenha tido a sensibilidade de perceber a suas respostas, coloco-me a seu inteiro dispor para fazer a diferença. Em nome de JEUS eu agradeço por ouvir a minha prece. Amém!
Com licença filho.
-Licença para que?  Se pode entrar sem que eu o perceba.
-É filho. Perdi a vida, mas não perdi a educação!
-Sendo assim, sinta-se a vontade senhor.
-O que pretende? Quer ser um novo Jesus ou São Francisco de Assis?
-Por que da ironia?
-Para me preparar.
-Para que?
-Para lidar com seu ego.
-Muito engraçado, mas pouco construtivo.
-Depende do lado em que esteja, ou de sua condição moral para falar do assunto.
-Aonde eu errei?
- Não errou. Só não teve consciência do que pediu. Durante dez anos pediu a DEUS que lhe desse uma luz, mas deixou de perceber que quando recebeu o dom da vida, veio ao mundo cheio de luz. Você é luz para o caminho de seus filhos, dos jovens que o seguem, de todos que o admiram e esperam de você uma resposta para todas as suas perguntas. Durante dez anos você pediu e durante dez anos não aprendeu. Não se pode pedir o que já se tem não se deve pedir o lhe vem de graça, simplesmente por mérito de bom uso. Lembre-se sempre que se deve primeiro agradecer e ser feliz com o que se tem, pois todo o restante DEUS o acrescentará.
- E os meus sonhos e meus projetos, o que farei deles?
- Viva-os intensamente e pratique-os a cada instante, pois o engenheiro jamais levantará um prédio com uma caneta e uma régua, mas sim com pedras e cimento. Não se pode construir nada simplesmente com boa vontade, mas sim com atitude. Pare de sonhar e ponha suas belas mãos na massa.
- Às vezes eu até tento fazer algo maior, mas existem pessoas muito pessimistas que me desmotivam e me fazem recuar.
- Você é realmente muito estranho mesmo. Consegue culpar a todos, até por seus próprios erros. Ninguém tem culpa por sua falta de atitude. Seja um ser único e individual. Não de poder aos outros sem que eles o tenham. Ninguém é capaz de dominar a mente de outros e sim a sua própria mente. Agora me responda: - Quem faz pior ao tronco, o pica-pau ou os cupins?
- O pica-pau?
- Por quê?
- Por fazer uma fenda no tronco para habitar nele?
- Também! Mas o cupim agride mais o tronco ou a árvore, como quer que o chame. O pica – pau faz mais barulho e seu impacto é mais visível Porém os cupins corroem a parte interna e enfraquecem sua base, tornando-o mais vulnerável a queda e o pior de tudo é que faz tamanho estrago em silêncio.  As pessoas são iguais. Não se define a maldade de uma pessoa por seus atos descobertos e divulgados, mas sim por aqueles que geraram maior dano sem pronunciarem a sua guerra. O bem já está plantado em você desde seu nascimento, o mal cabe a você desenvolve-lo ou não. É como uma doença, que existe remédio, mas só se cura se tomá-lo.
- Obrigado senhor.
- De nada filho. -Desculpe, mas tenho que partir, pois receberá uma visita muito importante logo mais.
- Quem virá?
- Calma, filho! Descobrirá depois.





























Capítulo 11
       




Um encontro dos sonhos





O dia fora longo demais. Como se não fosse o suficiente as preocupações naturais do dia a dia, me vinha meu anjo ou protetor, pois até então não sabia exatamente como defini-lo e me apresentara o fator surpresa que me tiraria o fôlego e a paciência que já não me era muito comum.
Peguei um livro para ler, para ver se o tempo passaria um pouco mais depressa. Sentei na maca que dispunha no jardim de minha casa para aplicar REIKi em amigos ou parentes que precisasse e aceitasse a minha ajuda, mas isso foi em vão. Por volta das vinte e uma horas adormeci fazendo minha leitura.
Embora fosse inverno a noite se fazia quente e o céu estava lindamente estrelado. Não deu muito tempo senti uma mão afagando o meu rosto. A principio não liguei, pois sempre que adormecia naquele local e daquela maneira minha esposa ou meus pequeninos se prestavam a me acordar para ir para cama, mas aquele toque tinha algo de muito especial.
Mesmo sendo meus filhos ainda crianças e portando muita ternura no toque das mãos, aquelas eram profundamente diferentes. Havia um calor inexplicável e um perfume sem igual, sou capaz de sentir seu cheiro até hoje, mesmo depois de tanto tempo, e profundamente marcante e inenarrável!
- Moço... Moço... Acorda moço bonito!
Abri meus olhos com uma calma que jamais pude sentir antes e vi diante de meus olhos a pessoa mais bela que eles já viram em toda a minha existência e em toda superfície da terra.
- Desculpe. Quem é você? Perguntei assustado embora acalmado.
- Calma querido, não tenha medo, não vou lhe fazer mal algum.
- Claro que não irá. Não tem jeito de má.
- Cuidado com as aparências. Elas podem lhe enganar.
- Elas podem, mas o meu coração não!
- O que ele lhe diz neste momento? - disse ela.
- Que eu te conheço, embora não consiga me lembrar de onde e quem você é, mas que é totalmente do bem.
- É por isso que eu te amo tanto querido... Você pode profundamente sentir-me sempre por perto, sonhar comigo, você pode passear comigo, mas o mais importante de tudo é que juntos poderemos fazer a diferença em benefício da humanidade, pois os amamos como poucos, mas me deparo sempre com os pessimistas e acabam por abalar a minha confiança e desisto dos meus sonhos rapidamente.
- Desiste por que meu bem?
- Porque sou muito pequeno diante de um universo tão grande. Vendo através da historia que grandes homens passaram por aqui e muito pouco fizeram. Retraio-me na idéia de ser um pequeno representante comercial que não consegue nem saudar seus compromissos direito e aí, a minha auto-estima entra em conflito profundo com a razão e sempre me sento numa pedra à beira do caminho...
- Por que acha que passou e passa por tudo isso?
- Por não merecer algo melhor, ou talvez, por um resgate muito grande que devo cumprir na terra.
- Não querido. Não é nada disso.
- desculpe lhe interromper, mas, qual é o seu nome moça?
- Você me dá um nome e depois esquece?
- Como assim?
- Você diz ser um sonhador e não consegue nem lembrar sonha! Que feio não?
- Íris?
- Sim querido, sou eu mesma.
Disparei-me a chorar. Mesmo sentindo o seu perfume, mesmo ouvindo a sua voz e vendo sua face, não podia acreditar que meu querido anjo estivesse ali, bem diante dos meus olhos. Como poderia DEUS; permitir que um impuro como eu, cheio de pecados e para lá de imperfeito, pudesse ter a honra de estar com um ser tão sagrado diante dos olhos, tocando a minha pele?
Fiquei por uns instantes, totalmente atônito e completamente atordoado.
Tentei falar mais uma vez, mas não consegui. Queria gritar, chamar meus filhos e minha esposa para vê-la, mas como o fazer se nem conseguia me mover, quanto mais soltar a voz?
Com toda gentileza, ela tocou novamente a minha face e segurou a minha mão. Fui voltando, pouco a pouco, a meu estado normal.
- Está melhor agora meu bem?
- Sim estou. Desculpe!
- Não tem porque, venha. - Preciso lhe mostrar algo...
...feche seus olhos e pense no mestre Jesus.
- Fechei os olhos e senti o clima mudar. Um suave vento nos envolveu até que percebi a luz do sol.
- Pode abrir seus olhos querido.
Abri meus olhos e deparei-me com um cenário pueril de rara beleza se observássemos a paisagem ao fundo.
A nossa direita havia sentinelas aparentemente Romanas em seus postos a observar um reduto inimigo que bebericavam e comiam garrotes assados ao relevo de uma montanha sombria um pouco mais baixa a que estávamos. Havia entre os Romanos um silêncio profundo que muito me incomodava em analisando à quantidade de homens que sorrateiramente colocavam-se em espreita militar.
Íris segurou-me silenciosa pelas mãos e me conduziu a uma cabine com uma cobertura de linho ou tecido próximo a este com desenhos em fios dourados como se fosse um brasão de império em questão.
Caminhávamos por entre todos, mas curiosamente este não nos percebia. Atravessamos em espírito o tecido que envolvia a cabine e pude ver um jovem senhor que envolvido e seu trabalho manuseava cuidadosamente enormes mapas em tecido duro e rústico semelhante a um couro refinado sem igual a nossa época contemporânea.
Notei um senhor de postura digna e imagem clara e marcante a observá-lo e seu trabalho. Notei também que este homem nos percebera a presença e com um sinal que desconheço assentiu com a cabeça a minha querida irmã Íris.
Nada me disse, respeitando o seu silêncio não questionei sobre o homem.
Pouco depois, adentraram à cabine, dois homens, que envolvidos em armaduras peitorais diferentes de todo o restante dos soldados, apenas assemelhados ao jovem senhor operando os mapas. Reuniram-se por alguns instantes silenciosos e contestantes, a tudo o que se discutia. Em alguns instantes, chegaram a um acordo e partiram juntos ao encontro de outros que segundo Íris, de uma patente menor. Ajuntando uma legião de soldados, promoveram um ataque em surdina da madrugada vindoura que escarneceu quase todo o bando inimigo. O ataque muito bem planejado rendeu-lhes algumas prisões e arrecadaram uma boa quantia em bens assumidos e controlados desde então pelo exército Romano.
- Íris!
- Diga querido.
- Por que você me trouxe aqui para ver estas cenas horríveis?
- É preciso filho.
- Ver a desgraça alheia não é um bom programa a se fazer no final de um dia.
- É verdade. Mas no futuro você entenderá o porquê de tudo isso.
- Tudo bem Íris. Não compreendo, mas vou aceitar.
- Aprendi a confiar em você!
- Obrigada querido. Mas, chegou a hora de irmos.
- Então vamos Íris.
- Venha querido, dê-me suas mãos e feche seus olhos.
Voltando a data presente senti-me cansado e profundamente confuso. Mas me recolhi à minha casa e brinquei com minha família até que dormissem.




























Capítulo 12





Perda cruel





Chegou enfim, o dia de uma ressonância magnética que eu havia marcado em virtude de meu cacoete, que a mim, não incomoda nem um pouco, mas as pessoas que não convivem constantemente comigo; ao se depararem com meus gestos rápidos da face e o braço direito ficam incomodados e de certa forma, fixam seu olhar tentando me surpreender para indagar sobre o assunto.
Geralmente não me perguntam diretamente, mas sempre que podem, assediam os meus entes e amigos para saber mais sobre o caso.
Depois de muito tempo me deprimindo e me estressando com as zombarias de pessoas de baixa vibração e nenhuma compreensão universal; resolvi me controlar e largar os remédios controlados que me tiravam os reflexos, me impedindo até de desenvolver quaisquer trabalhos que pudesse arranjar.
Dias depois, me reuni com um conceituado Neurocirurgião de minha cidade, que chegou a conclusão de que havia uma má formação no meu cérebro esquerdo e que isso provocava uma série de espasmos na minha lateral direita, provocando a ação involuntária de meu corpo.
A solução apresentada seria que tomasse a cada semana, uma injeção de um medicamento americano que me tiraria temporariamente os espasmos, melhorando a minha qualidade de vida.
A parte ruim da solução apresentada seria que eu, não só tomaria quatro infelizes agulhadas por mês, mas, que gastaria em torno de dois mil dólares por aplicação.
Decidi ficar com o desconforto da maldade humana e fazer algo mais justo; se conseguisse dois mil dólares por semana.
O que me importa na verdade, é que os que realmente fazem a diferença em minha vida, me amam e me aceitam como sou que são meus filhos, minha esposa e familiares, somados a amigos verdadeiros que nunca me abandonaram em momento algum.
Aprendi com o tempo e com o sofrimento, que devo sempre evoluir para o meu benefício e de toda a humanidade, e que, devo dar valor somente ao que realmente tem valor.
Depois de colocar meus pensamentos em ordem, decidi que deveria melhorar minha escrita para passar melhor a mensagem dada de meu coração para os meus futuros leitores. Feito isso. Resolvi reenviar meu primeiro livro para algumas editoras e quem sabe desta vez alguém me daria a devida atenção.
Depois de alguns dias. Novamente nada de resposta para a edição do livro; algumas até que foram simpáticas e elogiaram o texto, me aconselharam a tentar novamente no futuro, pois seus investimentos em novos autores estavam suspensos no momento.
Meu coração sofria a cada tentativa mal sucedida e por muitas vezes pensei em para de escrever.
Certo dia enquanto aguardava ser atendida num posto de saúde próxima a minha casa, senti um calafrio na espinha e uma profunda vontade de chorar.
Eu, minha esposa e meus filhos, estávamos ali, naquela manhã fria e chuvosa porque já faziam dez dias que eu estava acamado e profundamente gripado, como a muito tempo eu não o ficara.
Enquanto aguardávamos a longa lista de chamada tinha a nossa frente duas senhoras; uma de aproximadamente vinte e oito anos e a outra de seus quarenta anos. Junto a elas haviam cinco crianças, porém duas bebês de sues oito a dez meses cada com a carinha bem murchinhas e adoentadas.
Alem de todas estas crianças traziam consigo um cão vira-latas, mas muito calmo que se deitou ao meio do corredor e pôs-se a dormir. Cada enfermeira que passava esbravejava com o cão e perguntava a quem o pertencia.
Elas emudeciam-se e usando estas bravas passavam tentavam fazer o cão sair dali. No instante de seu mando ele até que obedecia, mas, pouco depois voltava a se acomodar e elas nada conseguiam fazer.
Nós que observamos fingíamos não perceber nada e não as denunciamos, pois a sua condição de desconforto já era o bastante para elas.
Pouco depois por ouvir seus comentários discretos, percebi que estas não se iam à virtude da chuva.
Pensei em alguns instantes em oferecer-lhes carona, mas desistia quando pensava em perder minha chamada e tiver que voltar à tarde e da maneira que eu me encontrava seria sacrificante para mim, mesmo porque meu filho já começava a gripar-se também e a situação poderia se complicar.
Três horas depois fui atendido pela médica. Eu era o último da fila. Esta me receitou um medicamento em forma de inalação e uma injeção muito forte, tão forte que passei muito mal na saleta de atendimento médico a me aplicarem a injeção.
Depois de medicado. Fomos à calçada pegar o carro que eu havia estacionado em frente ao posto e quando chegamos o carro se foi e nos deixo com as caras mais lavas do mundo. Na verdade o levaram e nós ficamos doentes, com frio e nos molhando na chuva, pois os nossos guarda-chuvas estavam no veículo. Só para piorar a situação havia no carro uma boa quantia em mercadorias de uma cliente que necessitava muito e com urgência e por este motivo a retirei na fábrica para entregá-lo e uma impressora de um computador portátil que uso para meu trabalho tornar-se mais rápido e eficiente.
Nesta hora meus pés ficaram sem chão. Minhas crianças surpresas não esboçavam reação alguma, só ficaram a me olhar com carinhas de interrogação. Quanto a minha esposa, esta sim sofreu e ficou muito indignada com a soma do ocorrido. Tentei aclamá-la lembrando-a de que o seguro restava em dia e que teríamos sim uma série de transtornos, mas que no final tudo daria certo.
Dias depois melhorado da gripe, tentei trabalhar de ônibus e metro, mas o gasto seria maior e o tempo para atender a tantos clientes seria mínimo para desenvolver meu trabalho. Contei com a ajuda de algumas pessoas, mas não foi o suficiente para melhorar o meu lastimável quadro.
Há muito eu vinha reclamando que as prestações do carro, que estava totalmente fora do me poder aquisitivo, estavam me atrapalhando a vida. Mas por uma imposição da empresa que eu prestava serviços, tive que ficar com o carro já com a mecânica comprometida, mas que na maioria das vezes acabou me ajudando bastante; apesar do gasto.
O mais difícil para mim foi lidar com a maldade humana, quando estamos em momentos de crise, pouquíssimas pessoas vêem nos procurar para nos ajudar e na maioria das vezes algumas lançam seu veneno, tendo a impressão de que nunca beberão desta água.
Descobri por uma amiga que trabalhava comigo nesta empresa que estava correndo o comentário de que eu havia facilitado o roubo para me beneficiar do dinheiro do seguro.
Isto me magoou profundamente, mas decidi não me abalar e quando recebi o dinheiro, paguei as prestações que faltavam e com uma pequena sobra comprei um fusca prata em médio estado de conservação e posso lhes garantir que há muito eu me sentia tão feliz!
       





Capítulo 13





Esclarecendo muitas duvidas





A última visita de Iris deixou em mim uma série de lacunas que eram tantas as perguntas, que eu tinha a fazer que, as suas respectivas respostas começaram a assaltar meus pensamentos.
As imagens daquele rapaz manuseando os mapas não saiam de minha mente. Por que fui transportado para o passado para presenciar aquelas cenas? E o que tudo isso tem haver comigo?
Não demorou muito quando certa manhã em meu carro, o rádio começou a tocar sozinho. Achei estranho, mas nos últimos tempos de minha vida o estranho se tornara quase comum para mim na maioria das vezes.
Desliguei-o imediatamente, mas depois de um breve silêncio, voltou a tocar.
- Gostou da música filho?
Mais uma vez não me surpreendi com a chegada de meu amigo. Mas ele estava se tornando um mestre em maneiras variadas de chegada para se comunicar comigo.
- De qual? O som do além? - brinquei.
- Isso! Se for assim que prefere o chamar!
- Desculpe. Eu estava brincando irmão!
- Não se desculpe filho. Não há mal algum em brincar. Isto até é uma qualidade que poucos têm! Não se apegue ao fato de eu ser um desencarnado, lembre-se sempre que eu não sou santo, mas sim, um simples orientador.
- Irmão!
- Sim filho?
- Eu posso lhe fazer uma pergunta?
- Quantas precisar filho!
- Por que a Iris me levou ao passado e o que isso tem haver comigo?
- Muita coisa. Chegou a hora de você saber um pouco mais sobre si mesmo, conforme estas verdades forem brotando em seus pensamentos, irá transformando sua postura diante da vida e de todo o seu universo.  Sendo assim, começará a assumir o seu verdadeiro papel na sociedade e se encontrará com o seu EU superior de maneira que este encontro servirá para mudar a vida de muita gente neste planeta.
- Desculpe irmão! Mas, quando se refere a meu futuro, sinto-me um pouco constrangido porque você me dá a impressão que serei de extrema importância para as pessoas e eu sinceramente não me sinto capaz de ser uma referência em nada para ninguém.
- Filho! Nunca subestime a vontade DIVINA e acredite sempre que será um objeto de distribuição do amor de JESUS, para todos os seus irmãos da Terra.
- Desculpe. Mas ainda sim, é para mim muito difícil reconhecer esta força em mim.
- Filho! Analise da seguinte forma; o pé de milho já nasce com as espigas?
- Claro que não!
- E para nascer o pé, precisamos fazer o que primeiro?
- Plantar as sementes, depois nasce o pé e depois as espigas com seus milhos.
- Muito bem!
- Agora analise da seguinte forma: você hoje, ainda é um pequeno grão de milho que acabou de ser plantado e daqui para frente, passará por todo o processo até dar o fruto final!
- Ok! Compreendi!
- Talvez você ainda não tenha percebido, mas algumas coisas já estão mudando para você.
- Como assim?
- DEUS tem colocado em seu caminho algumas tarefas que aos poucos irão formando um novo espírito em você; sem que perceba irá se transformando e se tornando útil por onde passar.
- Irmão!Algo me chamou a atenção enquanto falava.
- É filho? O que?
- Hoje em meu curso de evangelização, fomos convidados, a quem queira participar e contribuir com o centro. Surgiram novas vagas para dar aulas para crianças e confesso que isso mexeu muito comigo e não resistindo, aceitei rapidamente.
- Muito bem!
- Talvez a porta para o conhecimento amplo, esteja se abrindo para você. Isso é somente a ponta do iceberg.
- Como assim irmão?
- As crianças nos presenteiam com experiências incríveis e nos trazem a luz coisas que só seres puros como elas, são capazes de expressar.
- É verdade! E nos surpreendem muito também.
- São sinceras filho e com isso, refletem mais claramente o espírito de DEUS.
Seguimos em silêncio por alguns quilômetros e meu irmão colocou-se em imposição de mãos enquanto eu dirigia. Senti sua energia do coronário a ponta dos pés. A sua companhia que no inicio me causara medo e espanto, tornava-se cada vez mais agradável para mim e quando ele não aparecia me fazia falta.

























Capítulo 14





Um encontro especial





Por cerca de quinze dias não tive contato algum com meu irmão protetor e minha amiga Íris. Mas mesmo sem este contato, mantive-me plenamente em espírito de alerta em relação a minhas atitudes e minha postura diante das dificuldades da vida.
Nossos encontros eram de grande proveito para mim. Eu crescia muito a cada vez que um dos dois trazia-me alguma novidade.
Aumentei profundamente minha sensibilidade e minhas habilidades com relação à percepção natural das coisas como, por exemplo, a análise do comportamento das pessoas.
Meus amigos não eram para meus olhos as mesmas pessoas, pois eu conseguia vê-los através da embalagem do espírito, se tornaram mais completos, mais ricos e valiosos para mim. Meus valores também mudavam aos poucos e eu me sentira profundamente útil para mim e para todos que estavam a minha volta, dificilmente eu seria novamente a mesma pessoa.
Mesmo com todas essas mudanças eu continuava intrigado com a importância dada a mim, em relação ao meu papel na sociedade como um todo. Outra coisa que me incomodava era meu jeito bruto em alguns instantes. Da mesma forma que eu era carinhoso e gentil com as pessoas, minutos depois seria capaz de perder a paciência com minha família principalmente. Mas isso é mais comum do que se parece.
Geralmente somos muito pacientes no trabalho, na igreja e nos inúmeros lugares por onde passamos. Beijamos diante dos outros nossos filhos e conjugues, mas quando estamos na intimidade e a intimidade nos revela quem somos aí perdemos facilmente a nossa paciência e nos tornamos monstros para nossos amores.
 As igrejas vivem cheias de pessoas procurando a entrada para o céu e se esquecem de que o céu deve existir primeiro dentro de nós mesmos e isso sim é o maravilhoso estado de paraíso (paradisíaco). A reforma deve ser feita de dentro para fora e não só o lado de que todos podem ver.
Certa noite, por volta das três horas me vi flutuando sobre a cama enquanto o meu corpo ainda deitado permanecia inerte diante de meus olhos. A principio, eu fiquei calmo, mas quando pensei na possibilidade de não poder mais voltar me assustei e fui novamente laçado ao meu corpo sem que esperasse. Acordei imediatamente e muito ansioso, corri para a cozinha para beber um copo com água, sentei-me a mesa e ascendi uma vela para meu anjo da guarda e recitei sua oração:













Anjo Divino, anjo de luz
Abra meus caminhos com esta oração,
Anjo de luz que levantou Maria,
Mãe Maria que levantou JESUS,
Eu me levanto com a força dos três anjos...
...pai nosso...
...ave Maria...














                                                                        
Enquanto fazia minhas orações senti-me acompanhado por uma energia muito boa que me fez sentir mais calmo. Senti um sono profundo e percebi diante de meus olhos um vulto no outro extremo da mesa. O silêncio generoso e absoluto permitiu-me ouvir uma oração feita em vós branda e doce; cada palavra dita levava a partes diferentes do meu corpo, vibrações que alongavam os meus músculos e contraiam minha face. Senti também por uns instantes, uma pequena dor nos rins e na coluna, mas eram totalmente suportáveis.
Não entendi muito bem, mas me entreguei por inteiro. Talvez eu tenha me arriscado em me entregar desta forma, mas o meu coração me conduzia a isto e posso lhes garantir que foi uma das melhores sensações que senti na vida.
- Agora respire profundamente filho...
Por uns instantes senti meu corpo mais leve e senti uma energia gelada a me envolver suavemente. Um vento quente assoprou em meu rosto sobre um tecido fino e quente que tocava a minha pele. Não senti mais o chão sob os meus pés e nem a cadeira onde estava assentado. Meus braços também, não repousavam mais sobre a mesa. Uns gritos agressivos vinham do longe e a terra vibrava ao compasso de uma corrida de cavalos.
- Acorde!  Acorde. Rápido vamos! - gritou meu irmão puxando-me a mão.
- Onde estamos senhor...
- Não importa corra! Vamos!
Saímos correndo em direção ao leste de uma montanha. Subimos muito ofegantes, pois o sol estava muito forte e não havia tempo para caminhar, pois do sul, se aproximavam centenas de soldados, vindo em nossa direção. Sua marcha era tão forte que levantava um pueril sem par. Muitos outros vinham atrás, arrastando um forte armamento e proteções em semi-armadura de metal, trabalhado e moldado com o brasão Romano. Homens rústicos de sorte triste, lançados na escravidão da guerra, sem direito a família e muito menos a descanso. Sua aparência era horrenda se comparado aos Romanos. Sem banho, sem dinheiro e muito menos sem direito a paz. Na sua maioria eram gregos e suas mulheres ficavam em alojamentos separados no intuito de outras formas de escravidão. Os soldados recebiam constantes visitas de mulheres prostitutas nos acampamentos, mas os escravos, só conseguiam se relacionar sexualmente um com o outro.
Naquele momento bem diante de nossos olhos houve um alinhamento de seus soldados e escravos que se colocaram em linha de frente, logo atrás, os cavaleiros com suas armaduras e lanças cortantes que brilhando ao longe, iluminadas pela luz do sol, seus capacetes encobriam suas faces, não permitindo sua identificação.
No outro extremo, havia uma aldeia que se escondia por trás de outra montanha bem a frente da nossa. Havia um silêncio doloroso e angustiante, chegamos mais perto do alojamento e meu irmão disse-me para que não me preocupasse que não conseguiam perceber a nossa presença e podíamos nos acomodar junto a eles. Suas palavras regidas por um amor incomensurável transpunham as barreiras de qualquer fonte de inteligência intelectual, pois a inteligência que os alimentava era a espiritual. Meu irmão me relatava sobre aquele povo sujo e desarrumado do deserto, misturados a leprosos e papiros, cantarolavam músicas desajeitadas que falava de amor ao próximo. Sua face exprimia grande alegria, apesar do seu estado de miséria social, o que me intrigara profundamente.
O silencio foi rompido por animais assustados e nervosos, seus camelos e seus jumentos impacientavam-se à medida que se aproximava aquele pequeno exercito romano. Não demorou muito, foram cercados por aquele poderil bélico assustador, para uma pequena colônia de desprotegidos da sorte e suas únicas armas eram  suas palavras de amor e paz.
Descendo de um carro o líder dos soldados indagou com ferocidade aos exilados do deserto:
- Quem sois vós?
- somos pobres servos de Deus, que seguem para Damasco em beneficio do amor ao Cristo salvador da humanidade.
- Pobres diabos que falais mais que a boca e levantas perjúria contra vós mesmos e buscam a sua própria desgraça, imigrando sem destino de lá para cá.
Apesar de seu jeito rude e bravio, aquele homem não transparecia qualquer vontade de castigar os peregrinos, embora não concordassem com sua causa cristã.
- Senhor general. - aproximou-se o jovem rapaz que sempre manuseara seus mapas nas paradas do exercito e que falava naquele momento com extrema generosidade - são os homens da igreja do caminho do qual lhe falei há poucos dias são seguidores do carpinteiro...
- São os infames seguidores do carpinteiro nazareno?
- Sim senhor. O somos!
Voltando sua face rude, embora apascentado para os homens modestos e amedrontados, dirigiu a palavra com solene empatia:
- Desde quando estão aqui?
- Desde ontem. Pois a caminho de Damasco fomos pegos de surpresa por uma forte tempestade de areia que levou a morte um dos nossos mais ilustres e amados servidores do evangelho da salvação.
- Que diabos Levi!  De que ele está falando?
- O nazareno deixou um legado de postura divina chamada revelação do evangelho e este homens, sendo os seus seguidores, seguem a risca estes papiros e já ouvi falar de curas milagrosas que são relatadas por todo o oriente de seu nazareno e seguidores senhor.
- Isso mais me parece uma seita Herética. Feiticeiros. É isso que são.
- Não senhor! Eu não diria dessa forma, mas posso lhe assegurar que não são um povo violento e merecedor da força de nossas armas. Mal conseguem se proteger dos ataques da natureza. Condene-os a próprias sorte, pois já será o suficiente meu general.
- Porque os defende desta forma Levi? Sois por acaso simpatizante deste afronte?
- Não senhor, mas estes homens, mulheres e crianças salvaram por muitas vezes alguns soldados nossos, que adoeceram após atacá-los e sem mágoa ou ira os restituíram a saúde e a vida, os devolvendo a suas funções, acolhem e restauram a saúde de irmãos nossos lançados no vale dos leprosos... O rapaz continuava a relatar diversos fatos e evidenciava o bom conceito do grupo cristão de seguidores do mestre Jesus e apascentados os romanos no dia seguinte levantaram acampamento em direção a Tarso onde baixaram suas armas em descanso de guerra, até que uma nova batalha fosse tramada. Ao sair, o jovem Levi foi convidado pelo líder do grupo cristão chamado Ananias a converter-se ao Cristo que lhe responde com ponderação:
- Sou simpático a tua causa, mas não me encontro em condições de seguir o seu rabino carpinteiro, pois tenho mulher e cargo a zelar e não pretendo deixá-los de lado para segui-los e tua miséria material, mas os quero bem e sempre que precisar tenham em mim um amigo e defensor.
Partiram todos e distanciarem os romanos o nobre servo de Deus Ananias comentou com outro irmão:
- Pobre rapaz! De coração bom e generoso, mal sabe que uma traição lhe espera na volta a seu sagrado lar. - acrescentou tristemente.
Aquela cena final me intrigou profundamente e inquieto indaguei:Do que ele estava falando irmão?
- Existem neste momento algumas coisas das quais não tenho permissão para falar e você. Terá que vencer a sua curiosidade e no momento certo a resposta virá a seu encontro. Agora se prepare, pois chegou a hora de voltarmos. De-me a sua mão e feche os olhos.







Capítulo 15





Um novo caminho





Alguns dias depois tomei uma decisão muito séria em relação a meu trabalho e à minha vida pessoal. A conselho de um grande amigo resolvi colocar meu currículum na internet e para minha surpresa fui convidado para uma entrevista de trabalho. Era uma empresa de cosmética para cabeleireiros e tudo correu muito bem na entrevista. A proposta não era a melhor no que se refere a ganhos, porém a despesa de trabalha ficaria por conta da empresa, incluindo refeições e combustível e se eu não conseguisse vender acima de um determinado teto eu teria um mínimo garantido e foi uma maravilhosa experiência até o sexto mês de trabalho, isso porque na semana de meu aniversário houve na escola de minha filha uma festa junina e o meu fusca salvador da pátria foi roubado na porta da escola às três horas da tarde. Minha família ficou inconformada e eu só para variar me conformei e superei facilmente a perda do meu carro. Uma coisa me intrigou muito é que no momento aproximado do roubo alguma coisa me dizia que meu carro estava sendo roubado, mas achei que era bobagem e não dei importância para o fato, mas ficou em mim a sensação de que o fato poderia ser evitado ou minimizado.
Durante dois meses consegui manter as vendas e embora tenha sido contratado por ter um carro para trabalhar o meu gerente me manteve no cargo até que me aconteceu um fato novo.
No dia vinte e três de agosto minha mulher me ligou pela manhã me avisando que eu não tinha pagado duas contas de luz ao invés de uma como eu pensara e a companhia de luz cortou nossa energia. Não me restou outra alternativa que não fosse pegar o dinheiro do aluguel que estava na conta corrente aguardando somente cinqüenta reais para pagá-lo ao proprietário da casa. A decisão foi imediata e não havia outra solução senão esta para não ter que envolver a terceiros para pedir ou até mesmo mendigar para conseguir dinheiro emprestado.
No outro dia a minha cabeça fervia em pensamentos acusadores e meu coração só pedia para que eu me aclamasse, pois tudo se resolveria e eu acharia uma solução. Trabalhei angustiado e sem resultado algum. Andei de um lado para outro na cidade tentando vender meus produtos nos salões de cabeleireiros mais amigos e nem assim consegui vender.
Voltei para casa ao final do dia inconformado, mas ainda sim confiante, pois uma semana antes uma amiga chamada Ruth, me emprestou um DVD que tinha um documentário com diversos testemunhos de pessoas que conseguiram se tornar especiais em alguma área praticando a boa fé e monitorando seus pensamentos colocando em condições de positivismo pleno que atingiríamos nossos objetivos.
A princípio achei um absurdo embora tenha me envolvido bastante com a idéia e o devolvi a esta amiga e por incrível que pareça no sábado seguinte o supervisor da outra equipe de vendas deu-me uma cópia deste com versão traduzida para o português.
Tornei a vê-lo, mas sendo com tradução, consegui compreender melhor sua idéia principal e decidi fazer eu a minha própria lavagem cerebral. Por muito tempo participei de religiões de postura duvidosa no que se refere à condução de seu trabalho e me deixei levar por seus fervorosos conceitos e decidi que aquele tipo de pensamento seria benéfico para mim uma vez que eu nunca tive muita força para persistir até o fim em algumas coisas que eu fiz na vida. Dito e feito. Fortaleci meus pensamentos e algo muito interessante me aconteceu.
Uma semana depois abri minha gaveta da cômoda de meu quarto e dela caiu um CD com um pequeno livro que por orientação de minha amiga Roseli do curso de evangelização escrevi e pedi para minha prima revisar o texto e quando o vi novamente me minhas mãos não acreditei. Estava ali a minha taboa de salvação. Uns milhões de pensamentos me tomaram e o meu coração me conduzia a idéia de ir a uma encadernadora de um conhecido e fazer algumas cópias como se fosse um livro de quinze por vinte e um e aproveitei um CD de clip-arts para ilustrá-lo e acreditem, “ficou lindo!” .
Peguei o primeiro ônibus que passou e chegando lá expliquei a um garoto que me atendeu e sentindo que não conseguiria resolver meu problema chamou um rapaz chamado Kleber que hoje é amigo que compreendeu perfeitamente o espírito de minha intenção e montou um livreto com capa de folhas de sulfito colorido com o miolo xerocado e com o dinheiro que havia sobrado na conta fizemos quinze cópias que vendidas a sete reais foram vendidas de um dia para  o outro a meus amigos e clientes.
Será que chegou a minha vez? Será que novamente eu  não estou me iludindo? Será que eu não estaria fazendo mais uma besteira e dando margem a todos que me tinham por louco com razão para falarem de mim?
Não importa e dane-se o mundo! - falei para mim mesmo e com o dinheiro que consegui com sua venda voltei e pedi para fazer a capa com um papel mais grosso e melhorando a encadernação subi o preço para dez reais e fiz mais vinte unidades. Deu certo e em dois dias os vendi e sem pensar muito antes que me arrependesse fiz mais trinta, vendi vinte e na sexta feira desta semana uma amiga de minha esposa comentou sobre uma feira do livro numa associação rural e cultural japonesa, perto de minha casa, no qual o seu organizador Maurício me colocou numa tarde de autógrafos junto a um escritor e autor de oito obras e professor universitário que, para a minha surpresa era colunista do jornal diário de minha cidade e indicou uma pessoa do jornal para fazer uma matéria sobre o livro que rendeu meia página e muita alegria para o meu coração e isto foi simplesmente a confirmação de que estaria no caminho certo e daí para diante eu nunca mais deveria para de escrever. O livro Os Vencedores foi o meu primeiro trabalhado publicado abriu às portas para a vida de emoções que mudaria tudo em mim e nos primeiros dois meses eu vendi trezentos e cinqüenta unidades e começaram a aparecer convites para dar palestras em empresas, mas alguma coisa me dizia que não era a hora e que mais alguma coisa iria mudar o rumo de minha vida. Eu só teria que acreditar e que o universo traria para mim aquilo pelo qual tive esta nova existência.
O lançamento deste livro gerou algum inconveniente no meu trabalho, pois eu estava trabalhando a pé na zona leste de São Paulo numa região de muitos morros e o sol e o ar seco e poluído estava tirando as minhas forças e os meus resultados começaram a despencar e mais uma vez a minha cabeça começou a pirar, pois por mim eu investiria na minha carreira de escritor fazendo um curso de aperfeiçoamento literário embora não acreditasse e não acredito que a minha literatura tenha um fundamento cultural exceto em seu conceito de levar as pessoas ao bom habito da leitura e o meu propósito é levar às pessoas à uma viagem espiritual e mental saído de si e voltando melhoradas ao final de si mesmos.
A grandiosidade de DEUS em minha vida não permitiria que eu buscasse um interesse meramente comercial. Além, de ganhar dinheiro eu quero formar uma geração mais elevada. Tenho muito medo de levantar bandeiras contrárias no que se refere a religiões, mas não posso negar a minha preferência pelas questões e explicações espírita Kardecxista.
O homem vem a milhares de anos acreditando num DEUS bravo e poderoso e deixa de lado o sentido piedoso e amoroso do qual Jesus falou tão explicitamente para todos nós a mais de dois mil anos e muitos de nós ainda num estado espírito-animal conservam-se críticos e ignorantes diante destas verdades. Quando será que eles reconhecerão nossa igualdade uns diante dos outros, quando teremos a humildade de reconhecer que embora eu não siga a mesma religião de meu amigo ele continua sendo eternamente meu amigo. É como vivermos em família que na maioria os nossos maiores problemas de relacionamentos estão dentro de nossa própria casa. Brigamos com os nossos pais e irmãos ao sair de casa e quando chegamos ao trabalho nos damos bem com todo mundo e porque não fazemos isso em casa, por que somos melhores na rua do que em casa? Eu não acredito realmente que nossa relação de família seja colocada por acaso Divino e que na maioria das vezes nos encontramos do nada e para o nada voltaremos.




















Capítulo 16





A traição do passado





Passaram-se vinte dias e finalmente fui chamado para dar a entrevisto no jornal e muito falastrão saí preocupado do jornal. Como era a minha primeira entrevista e o primeiro ato notoriamente público, mas,  DEUS mais uma vez não me faltou e não me fez sair envergonhado.
No dia seguinte estava indo a Guararema para visitar uma cliente e recebi uma ligação de um grande amigo chamado Tales que ligou para me dar os parabéns pelo livro e que sua mão dona Cida que estava ao seu lado no carro também me parabenizava. Intrigado, perguntei como ficou sabendo sobre o livro e ele me disse que estava com o jornal na mão e que a matéria ficara muito interessante e linda. Despedimo-nos e liguei para casa para pedir a minha esposa para a minha esposa ir comprar o jornal e verificar a reportagem que depois eu ligaria para ter notícias sobre o assunto.
Meia hora depois minha mulher me ligou para falar da matéria e que a reportagem não teve quase algum destaque na página e que minha foto quase não apareceu, mas, quanto a isso não me gerou reação nenhuma de maneira negativa, pois até aquele dia eu nunca tivera nenhuma matéria somente minha e o anonimato me era muito comum porque eu sempre fui uma pessoa comum e nunca tinha produzido nada que viesse somar para a coletividade ao ponto de merecer uma atenção especial, mas antes de desligarmos o telefone ela disse-me que estava brincando e que a matéria era muito boa e que não iria falar nada para que quando eu chegasse a minha casa visse com os meus próprios olhos.
Não agüentando de ansiedade ao chegar a Guararema consegui ainda achar um jornal na banca da praça da igreja dela e quando abri o caderno de cultura e variedades havia na capa do caderno minha foto com o livro na mão e uma matéria de meia página e a jornalista Priscila compreendeu a essência de meu trabalho e conseguiu maravilhosamente expressar melhor do que eu a idéia de meu livro.
Este dia foi um dia muito especial em minha vida e que pessoas que a mais de vinte anos sem contato me ligaram e se comunicaram parabenizando-me pelo livro mas que esta reportagem apesar de  não melhorar em nada a  minhas vendas pois por falta de investimento não tive condições de produzir números o suficiente para deixar em uma distribuidora. Estava produzindo de cinqüenta em cinqüenta unidades e eu mesmo os vendia de um a um.  Lembrei neste dia das respostas que recebi de muitas editoras elogiando meus trabalhos, mas me dispensando por não fazer parte de sua linhagem de literatura ou por não ter disponibilidade para publicá-los naquele momento. Não importa. Tenho certeza de algo muito especial e muito importante vai acontecer comigo e que mais cedo ou mais tarde eu vou decolar.
Outro dia me lembrei de um livro de mais de duzentas paginas que devorei em dois dias chamado Conversando com DEUS de Neale Donald Walsch que me fascinou profundamente e me fez repensar na minha relação com DEUS e por outro lado me assustou profundamente, pois me levava a pensar num DEUS muito diferente que aquele que os pastores que por mais bem intencionados me falaram me reprimia a mente levando a um peso de consciência, pois eu não podia fazer nada porque tudo o que eu fazia era pecado.
Ainda no dia da matéria a em torno das vinte horas comecei a ficar muito cansado e não dominando minha sonolência fui dormir mais cedo. Digo cedo, pois raramente durmo antes das vinte e três horas e ao mesmo tempo em que o sono me abatia uma tremenda paz me assumia também. Não relutei muito e mesmo sem querer adormeci.
Nesta noite tudo aconteceu de maneira muito diferente que das anteriores e basicamente percebi que teria alguma visita especial e havia como em vezes anteriores um perfume diferente no meu quarto, mas deixei me levar pela sonolência em poucos minutos senti uma mão amiga sobre o meu ombro direito.
Meus olhos pesados e meus pensamentos transportados à aquela região no oriente médio na antiguidade . Meu irmão transportou-me novamente ao local anterior do último sonho e o jovem soldado chegava a um palacete com bela fachada em mármore e outras pedras que não consegui bem distinguir sua origem e que desconheço seus nomes inclusive os de seus belos arbustos que formavam um arco na entrada principal. Ao entrar o jovem foi recebido por alguns escravos que o avistavam ao longe o havia visto para preparar sua recepção. Pouco depois ao entrar em uma sala ampla bem iluminada com objetos egípcios e romanos da arquitetura romana e completavam a decoração do ambiente e seus incensos acesos cada qual com o seu motivo estabelecendo a harmonia do recinto. Pouco depois uma linda jovem se aproximou do rapaz e carinhosamente dirigiu-lhe a palavra:
- Meu querido! Ah quanto tempo!
- Como vai Raquel? Senti muito tua falta. Como estão as coisas por aqui?
Trocaram algumas palavras, mas a harmonia não era a mesma ou não muito satisfatória entre o casal. Perguntei a meu irmão, se algo havia acontecido entre eles para que se estabelecesse aquele clima entre os dois.
Um de seus servos deixou-o avisado em sua última viagem, que o irmão da moça estava delatando seus tesouros e que a mesma o traia com outro escravo da casa. Eles estavam separando parte da fortuna que lhe foi confiada a administrar, para a fuga dos três em sua partida para a jornada nos campos de guerra e quando ele voltasse, eles não estariam mais na casa em seu retorno.
- Irmão. Mas porque não agora, neste retorno?
- Não houve tempo hábil para isto, devido ao controle mínimo de Levi sobre o seu tesouro, logo perceberia tamanho desfalque.
- Traidores!
- Infelizmente isto é um fato filho. Infelizmente! Agora preste bem a atenção naquele soldado parado à porta.
- O que tem ele irmão?
- É o amante da moça e se prepare ver para uma imagem dura e triste por uma infinidade de motivos que iremos presenciar daqui a pouco filho.
- O que irmão?
- Desculpe. Você terá que esperar. Muitas respostas de sua vida sairão deste local e neste instante!
Pouco tempo depois, se deslocaram para o banho Levi e seu escravo Julius que contava com a confiança de duas gerações de serviços de sua família para a família de Levi. Isso porque a mãe de Julius cuidou de seu mestre Levi desde sua infância até a sua mocidade. Levi era um homem duro com quem traia a sua confiança, mas extremamente generoso com aqueles que andavam na linha com os seus.
- Levi. Gostaria de lhe falar algo muito sério.
- Então fale Julius. O que há que andas impaciente?
- Temo por tua vida.
- O que dizes? De onde tirastes tais argumentos?
- Perdão senhor. Mas ouves o que tenho a te dizer, mesmo que não me acredites, mas ouça meus argumentos.
- Então seja breve e diga-me logo.
- Tramam contra ti senhor.
- Como assim Julius?
- Tua mulher senhor e o teu cunhado pretendem fugir com teu escravo Próximus e querem levar consigo o teu tesouro para que vivam no conforto longe daqui e de Ti.
- Escravo maldito! Estás mentindo?
- Por favor, amo! Eu não te minto, apenas te protejo. Escuta-me, por favor, pois disso depende tua própria existência e, além disso, eu tenho como provar-te do que falo.
- Então digas logo, antes que venham e me coloques em situação embaraçosa.
- Teu cunhado tem tirado grande soma de teu tesouro particular desde tua última viagem aos campos de batalha, se fores até teu cofre, perceberás o tamanho da falta.
- Mas por que este maldito me faz isto?
- Tua mulher pretende fugir com Próximus e seu irmão para longe daqui e precisam de teu ouro para refazer suas vidas após te abandonarem.
- Malditos! Se isso for verdade, vão pagar caro por isso. Não sobrará pedra sobre pedra e ninguém sairá impune nesta traição contra mim e minha casa. Vamos logo. Preciso tirar esta dúvida a limpo agora, eles verão do que sou capaz de fazer!
Extasiado e preocupado com a conseqüência dos fatos, olhei para meu irmão que me observava serenamente à cena sem demonstrar nenhuma expressão na face.
- Calma filho! É chegada a hora da verdade.
- De que verdade está falando irmão?
- Da sua filho. Ela responderá a alguma questão que você tem desde a sua infância e que nunca achou uma explicação. Você se maltrata culpando-se o tempo todo ou colocando culpa em alguém por aquilo que não consegue entender, gerando com isso um desconforto comum a todos do seu convívio pessoal.
Tente se reportar ao dia em que foi a um templo Budista receber orações e um dos padres. Ao designar uma missa especial para o seu pedido, perguntou se você tinha sofrido alguma queimadura grave ou chegou perto de se afogar quando garoto e desde aquele dia você não encontrou respostas para aquelas perguntas.
- É irmão. Chego a lembrar desta data sim, mas acho que as indagações do padre não teriam uma explicação mais profunda e não dei atenção a isso desde aquele dia. Lembro-me que quando criança sofri durante um período de uma imensa falta de ar que me sufocava e era tão forte que eu tinha que me encostar nas paredes para poder respirar.
- Então hoje você sairá daqui com uma resposta eu te garanto isso filho.
Fiquei intrigado e confuso com o que o meu irmão dizia. Pois seu conhecimento baseava-se em verdades vividas no passado ou num tempo presente que eu ainda não conhecia e não presenciara com a mesma clareza que ele. Como um aluno no inicio curricular, me faltavam mecanismos que me dessem a clareza necessária para sair de meu analfabetismo espiritual.
A cena que vimos deixou-me profundamente irritadiço, o que me colocava preocupado com o restante daquela historia, uma vez que presenciávamos em nossos tempos atuais tantos casos de traição que terminavam da pior forma possível, geralmente em morte. O desfeche deste ato, parecia-me triste e preocupante, mas algo pior começava a acontecer comigo. Sentia-me profundamente inseguro e perturbado. O meu peito se comprimia em meu tórax como poucas vezes na vida e faltava-me de maneira esporádica o ar para alimentar meus pulmões. Uma energia muito ruim tomava conta daquele lugar e de mim. Percebendo a minha insegurança e meu desconforto, meu irmão se aproximando me abraçou como um pai generoso, prudente e piedoso abraça um filho desprotegido e com carinho apascentou meu coração cheio de dúvidas e inseguro.
Não passou muito tempo, Levi e Julius entraram em uma sala independente, situada por trás de sua sala principal. Dava para perceber que este local era extremamente reservado em mantido imparcial segredo aos moradores da casa.
- Veja amo, o quanto do seu tesouro está faltando!
- Maldito seja este infeliz que delata o meu patrimônio conquistado por gerações de minha laboriosa família. Meu pai tanto me alertou por confiar tanto nos homens e agora me vejo em tal condição de escárnio material e moral, por conta de três infames que se apoderam do que tenho. Irão pagar muito caro por tal atrevimento!
Víamos em volta de Levi, uma cortina de luz densa e escurecida. Seus pensamentos de vingança cegaram-no e tudo a sua volta parecia conspirar contra si. Não havia ninguém nem nada que pudesse ser feito naquele momento que o fizesse mudar de idéia.
Passados alguns minutos, partiu irritado de encontro a seu cunhado e cercado de sentinelas convocou uma reunião com sua mulher e seu comparsa. Levi mal conseguia respirar de tanta ira que envolvia sua fala e seus olhos pareciam-lhe saltar do rosto, enquanto suas mãos nervosas de ansiedade estalavam seus dedos contraindo uns sobre os outros. Pouco depois, adentraram os irmãos constrangidos pela força exercida por seus infantes armados que os cercavam lado a lado. Com voz autoritária, Levi ordenou aos centuriões que saíssem e aguardassem suas ordens na sala ao lado. Raquel angustiada e desesperada pelo suspense da situação, indagou apressada:
- O que se passa Levi? Para que esse espetáculo todo?
- Cala-te que agora aqui só quem fala sou eu!
- Não podes tratar-me desta forma, sou tua mulher!
- Não! Tu és o diabo disfarçado de anjo a trair-me pelas costas, como serpente no deserto caminhando pelas sombras da areia quente, aguardando à hora de dar o bote em sua presa desavisada. Não te reconheço mais por circunstancias geradas por tua ambição e mau-caratismo.
- Dá-me ao menos o direito da defesa. Eu te imploro!
- Darte-ei assim que resumir a minha impaciência sobre tua traição. Ao acaso negas que estás me traindo com teu escravo que atende por Próximus? Consegues negar-me olhando em meus olhos que te uniste a teu irmão e este maldito escravo para esvaziar-me os tesouros de gerações conquistados por minha família para fugirem os três a deixar-me na miséria enquanto gozam da fortuna de meus antepassados? Vamos negas a isto! Mas, negas com a coragem igual a que tiveste de jurar contra mim esta traição e planejá-la às escuras sem pensar que eu poderia descobri-la a tempo de salvar de vossa covardia?
- Não! Não nego. Mas peço-te perdão, pois fui induzida pela paixão impensada por culpa tua, que me deixaste aqui ao abandono de teu corpo e teu amor. Quantas noites me faltaram o afago de tuas mãos carinhosas a desnudar o meu corpo e saciar meus desejos mais impuros, enquanto te banhavas em sangue de outros homens em guerras que não tem mais fim. Achas que sou eu a culpada, mas consegues negar a tua culpa nisso?
- Raquel! Por muitas noites no deserto sentia a tua presença em meus lençóis e contive meus desejos da carne e do espírito e os guardei no mais intimo espaço do meu coração, para que quando aqui chegasse não tivesse perdido se quer uma só gota do verdadeiro perfume do amor que sinto imensamente por ti e desde o instante em que te desposei, jamais botei entre nós outro corpo que não fosse o teu, mas agora te faço a ultima pergunta.
- Faça-a, que a responderei como se fosse a mais importante de minha vida.
- Aguarda um momento! Guardas. Tragam-no aqui. - disse Levi sem piedade em sua vós.
Minutos depois adentraram a sala os soldados com o escravo Proximus acorrentado as mãos e o puseram de joelhos em frente a Raquel. Os dois se entreolharam com afeto explicito enquanto Proporitus se escondia por trás de uma coluna em silencio sóbrio a observar a cena, sem que recebesse até então, qualquer palavra de seu cunhado Levi.
- E agora Raquel? Conheces este homem?
- Não sejas irônico. Sabes que o conheço.
- O que ele é para ti?
- Um escravo e nada mais e também sabes bem disso!
- Então! Dizes a inda olhando nos olhos deste homem que amas a mim mais do que sua vida?
- Sim! O digo e confirmo!
- Então não te importas com o fim que darei a este escravo atrevido e burro?
- Claro que não! Sabes que só me importo com o teu bem estar.
- Pois bem! É chegada a hora! Guardas levem este escravo e enforquem-no agora!
- Não, por favor! Não o mate eu te peço. Faça o que quiser comigo, mas não o mate eu te clamo.
- Mentirosa! Acabaste de jurar-me teu verdadeiro amor e agora voltas atrás pedindo pela vida de teu amante, mas te digo que não mudarei minha opinião, pois minha honra deve ser lava com o sangue deste traidor e quanto a ti, ficarás presa em teu quarto até que o ladrão de teu irmão me devolva o que me roubou. Guardas. Prendam-no ate que me devolva o resultado total da subtração de meu tesouro pessoal.
- Calma Levi! Não faças mal algum a minha Irmã e te devolverei tudo!
- Então apressa-te, antes que eu mude de idéia.
Seguiram Proporito e cinco centuriões a um casebre localizado na viela por trás da casa d Levi e voltaram com dois carros repletos de jóias e presentes de valor estimável dos antepassados de Levi.
Minutos depois de conferir todo o material, Levi os convocou novamente e com vós agressiva e esbravejante, deu-lhes o veredicto final.
- Por mim poria fim em suas malditas vidas para que não cometessem com outros o mal que a mim infringiram, mas, em nome dos poucos momentos felizes que vivi a teu lado não te lançarei ao apedrejamento, porem te condeno a lembrar o que perdeste pelo resto da tua vida pelas ruas da miséria humana, sendo desprezados e hostilizados pelos que te conhecem, portanto declaro-vos expulsos de minha propriedade e que nunca mais cruzem meus caminhos outra vez.
Demorei um pouco para me recuperar do ocorrido diante de meus olhos e sinceramente até hoje quando meus pensamentos voltam àqueles instantes que pareciam horas e dias em tempo real, ainda me sinto muito impressionado pelo enforcamento do escravo e a humilhação da mulher e de seu irmão embora não concorde com sua atitude diante do correto Levi.
- Irmão. Por favor, vamos? Eu já vi o bastante por hoje. Estou nervoso e muito cansado.
- Bem. Não deveríamos, pois é chegada a hora que você saiba de uma coisa muito importante, mas vou respeitar a sua dor e cansaço e deixarei para muito em breve, pois disso depende muita coisa em sua vida. De-me sua mão e feche seus olhos suavemente.

















Capitulo 17





Mudanças importantes





Acordei em seguida com muita dor no corpo e sentia uma ardência incrível em minha pele como um calor imenso e faltava-me o ar por alguns instantes por motivos que eu não compreendia muito bem. Vaguei quase que o dia inteiro tentando fechar algum pedido em vão.  A cada salão que eu entrava, sentava-me cansado e perdido no tempo e sem qualquer noção do que estaria me acontecendo.
Na verdade, minha vida havia se transformado há muito tempo e eu já não era mais o mesmo com minha família e com meus amigos.  Os via, de maneira diferente e o medo de me tornar uma pessoa arrogante e desprovida de modéstia e humildade me assustava grandemente, pois fizera um pacto com DEUS, de que tudo o que envolvesse meu destino fosse ligado ao bem estar da humanidade como um todo.
O sucesso de Os Vencedores começava a me tirar a atenção de meu trabalho como vendedor de cosmética e o meu coração dava-me um novo norte em minha carreira e eu começava a pensar em não mais trabalhar como vendedor ou representante comercial sob quaisquer hipóteses. Seria este um fim ou um recomeço?
Comecei a encontrar algumas pessoas que haviam lido o meu livro e que faziam questão de elogiar o texto especialmente falando sobre minha imparcialidade no tratamento de assuntos delicados como os referentes a patrão e empregados, mas também, a maneira pela qual eu vendia o livro já não me agradava mais e pretendia reavaliar também este perfil de trabalho.
Aos dois meses de lançamento do livro eu já tinha vendido quatrocentas unidades deste livro um a um entre clientes, amigos e outras situações ocasionais de inúmeras formas. Eu precisava vender mais e escrever outros livros para não perder o pique e assim me consagrar como escritor, mas não adiantava escrever dez livros por ano e sendo estes, dez verdadeiras porcarias.
Alguns dias passaram e meu irmão não fazia mais nenhum contato comigo e aquelas cenas não saiam de minha mente. Eu gostaria de saber; como seria o fim da história? Mas, também eu não conseguia entender o porquê de tudo isso poderia ter alguma ligação comigo, uma vez que era vivido em época passada e distante desta minha atual. O que mudaria se eu acompanhasse o desfeche do caso.
Não precisei de muito tempo para descobrir isso. Em  aproximadamente quinze dias depois, num domingo após o almoço fui tomado por um sono desequilibrador, que me deixou totalmente enfraquecido e tonto. Minha mulher, percebendo a gravidade do caso me levou até a cama e me cobriu depois fechando a porta do quarto e saiu suavemente para não me acordar.
Adormeci mesmo sem querer, pois minhas pálpebras pesavam por demais e minha cabeça não conseguia reagir ao cansaço sem controle algum. Dormi por algumas horas e acordei assustado com um vulto que passara a meu lado e tocou em minha mão, foi quando eu acordei e procurei minha esposa pedindo-lhe um copo com água.
Fui em seguida até a cozinha e tomei um calmante que costumava tomar quando ficava ansioso por algum motivo. Poucos instantes depois, descansei finalmente em meu sofá enquanto assistia a um filme com meus filhos e minha mulher.
Outra situação que me incomodava muito, era a questão das vendas na empresa que caiam mês a mês e eu não conseguia reagir. O meu gerente brincava ironicamente que eu estava desaprendendo a vender e que por este caminho, eu não chegaria a lugar algum.
A principio eu não ligava para suas ironias, mas depois ao receber o holerite, percebia mais objetivamente o que ele falava e minhas contas mensais, me davam sinais de desarranjos financeiros em casa. Embora continuasse vendendo meus livros o ganho por unidade era muito baixo e na verdade não tinha mais como fugir da realidade de que se eu quisesse realmente viver de livros, tinha que melhorar minha margem de lucros, embora a maior dificuldade em fazê-lo fosse por falta de uma capa e encadernação melhor.
Cada vez que chegava para alguém e decidia vender meu livro em cinco reais a mais, o meu coração apertava e eu me sentindo culpado, não conseguia fazê-lo.
Numa destas tardes de sol da cidade de São Paulo, eu passava com meus livros na bolsa para vendê-los em frente ao Museu de Arte Moderna de São Paulo foi quando assim que sai do metro Trianon na Av. Paulista fui parado gentilmente por uma linda moça clara de seus aproximados trinta e poucos anos que me perguntava seu eu conhecia a Al. Santos. Depois de indicá-la o caminho solicitado ela segurando minha mão em sinal de cumprimento, sorriu com profunda doçura e sinceridade nos olhos e disse-me com uma franqueza inigualável:
- Tenha muita sorte em sua carreira e confie em DEUS, pois embora seu caminho pareça árduo o resultado será lindo para você!
- Muito obrigado! Mas às vezes tenho vontade de desistir.
- Eu sei do que fala, mas as provas que vem enfrentando são para fortalecê-lo e melhorá-lo para as oportunidades  que estão vindo em sua direção. 
- É minha amiga! Mas parece que elas nunca têm fim. Quanto mais terei que sofrer até aprender tudo o que parece querem me ensinar?
- O quanto for necessário querido! Mude a capa e seus resultados irão melhorar.
Enquanto conversávamos ouvi uma buzina soar em minhas costas em ao me virar não vi carro algum buzinando, mas quando voltei meu rosto novamente não vi mais aquela moça doce gentil e educada a minha frente e um arrepio intenso tomou meu corpo naquela tarde de sol ardente de sábado, na Av. Paulista. Intrigado e desconcertado voltei para casa e no trem pensando muito no ocorrido. Dei um salto assustando uma senhora que sentada a meu lado lembrei que quem me falava com tanta doçura e delicadeza, era minha amada irmã Iris e a idéia de tê-la visto pessoalmente e ou tê-la tocado as mãos, me levava a uma emoção sem par, como eu jamais havia sentido antes e antes que essa comoção me dominasse de vez, desci na estação Tatuapé e pus-me a chorar sem para por alguns minutos de alegria profunda.
Fui abordado por um dos seguranças da estação que me perguntava o que havia de errado, mas eu simplesmente o agradeci a gentileza e o tranqüilizei dizendo que chorava de felicidade, pois havia ganhado um premio muito importante para mim.
Depois de me recompor, peguei o próximo trem que passou e muito feliz e emocionado cheguei em casa cheio de idéias para por em prática na próxima segunda feira.
Passei todo o domingo reformulando a capa e a encadernação do livro e consegui melhorar e muito o trabalho, assim, as pessoas que o adquirissem, se sentiriam prestigiadas por terem um bom texto e uma encadernação bonita e agradável aos olhos e eu poderia melhorar a minha margem de lucro ou enfim ter uma margem de lucro, pois até agora praticamente eu não a tinha.
Na segunda feira procurei meus amigos Kleber e Thiago da encadernadora que melhoram ainda mais as minhas inovações com seu conhecimento e experiência gráfica e calculando fazer uma quantidade maior reduziria a inda mais o custo final do livro. Com um pouco mais de conversa, negociamos também o próximo livro OS encantos de Altinho para que eu tenha dois produtos disponíveis para trabalhar nas ruas e conseguir desenvolver o projeto de minha editora futura.
Por uma semana no mínimo minha cabeça não parava de pensar e em minha frente só via coisas positivas refletindo um otimismo intenso em mim.
Visitei muitos clientes, mas parecia que o meu encanto pelas vendas de cosmética havia se quebrado, embora que meus colegas que ligavam muitas vezes ao dia perguntando como estava meu dia e as minhas vendas, me davam a referencia que as deles também não estavam das melhores. Veio mais um fechamento de mês na empresa e embora com a dificuldade de trabalhar a pé nos morros da zona leste de São Paulo eu ainda vendia mais que outros colegas que trabalhavam de carro, mas meu gerente não achava que isto tinha nada de positivo.
Poucos dias depois, um dos gerentes foi demitido da empresa e este meu gerente que era realmente merecedor por suas qualidades foi promovido à gerente geral e selecionou uma colega muito competente para ficar no seu lugar e infelizmente obrigou a ela que estudasse sua cartilha para se manter no cargo. Mas, por tudo o que vivemos juntos, com ele nos conduzindo, desde que entramos na empresa, estas lições que ele passou para ela não eram exatamente as mesmas que ele pregava no dia a dia e logo ela entrou em conflito comigo e quando tentei convencê-la que o caminho do chicote era o pior possível e que com dialogo e respeito seus resultados seriam melhor, ela entendeu tudo errado e mesmo sendo uma querida colega, me pressionou a ponto de me desmotivar ainda mais do que eu já estava ficando naturalmente. Discutimos feio por alguns dias até que atendendo o seu convite para um almoço chegamos a um denominador comum e trabalhamos em paz e meus resultados nos dias em que trabalhávamos de carro, no dela, eram realmente melhores e sua experiência de vendas era muito boa e muito agressiva, diferente do que eu praticava dia a dia.
A cada reunião aumentava ainda mais a pressão sobre todos e todos reclamavam do tratamento que agora recebiam e poucos dias depois meu gerente me chamou em sua sala e disse-me que; se eu estivesse querendo ser demitido por entender que estava sendo difícil trabalhar a pé, que eu o disse-se logo, pois por minha conduta na empresa e os antigos resultados ele me demitiria para que eu não perdesse meus direitos legais. Ele pediria a autorização do dono da fábrica para poder me liberar, mas para mim era muito difícil admitir essa idéia naquele momento.
Continuei trabalhando como se nada tivesse acontecido e que ele nada tivesse me falado ou me prometido, mas me sentia muito cansado fisicamente e embora minha mente quisesse bater todas as metas o corpo pedia para passar o mês o mais rápido possível.
Durante uma semana, persegui estas metas como alguém que acabara de iniciar em um novo emprego. Segui as instruções que nova supervisora me recomendara, reavaliei meu trabalho, mas ao final da semana, nada mudo.
Durante alguns dias em meus sonhos, sonhei me apresentando para platéias, vendendo meus livros e viajando de avião. Esses sonhos na verdade expressavam a minha vontade pessoal em relação à minha carreira de escritor e o meu coração ia contra o que minha mente me dizia. O coração falava que os sonhos eram verdade e os pensamentos comandados por minha mente cansada me diziam que eu estava me iludindo novamente. Não seria a primeira vez que isso iria acontecer. Foi tanto dinheiro jogado fora na ilusão de negócios que nunca deram certo, que minha família em especial, minha mulher e seus pais, ficavam desesperados quando eu falava em alguma coisa que não fosse um emprego registrado em carteia como sempre ocorreu entre eles. Não demorou muito e numa destas segundas feiras que tínhamos reuniões de vendas, ao passar por mim no corredor meu gerente me cumprimentou e cansado de correr sem resultado algum, cedi às pressões e sugeri a ele que se ainda tivesse de pé o que ele me prometera quanto a me demitir, eu achava que era a hora.
A sua resposta foi a mais surpreendente possível e me pôs a nocaute de emoções e desespero. - É isso que você está querendo há muito tempo. Não é? – gritou ele no corredor diante de meus colegas – Pois bem. Vou pegar meu carro e vou procurar sues podres na rua e sei que vou encontrar muitos e vou lhe dar uma justa causa para você deixar de ser vagabundo! Eu detesto a quem mexe no meu bolso. E você com seu corpo mole está mexendo no meu bolso!
Um filme me passou ma cabeça naquele momento. Onde estava aquele homem evangélico que me disse há duas semanas para voltar para a igreja que eu seria abençoado? Ele só estaria me falando isso, porque sabia de minha postura e dignidade e que por isso, ele sabia que JESUS teria misericórdia de mim por ser um desviado do senhor.
O meu maior sentimento naquela hora não foi o de ódio, mas sim, o de perda. Perda de um amigo que sempre quis bem e especial admiração por ser um jovem rapaz de trinta anos que já tinha atingido por sua própria capacidade, um posto tão elevado dentro de uma empresa tão promissora.
Senti-me humilhado diante de todos e nenhum de meus colegas compreendiam bem o que estava se passando para tamanha ignorância da parte dele. Eu ainda tentei justificar e perdoá-lo, pois ele devia estar recebendo uma cobrança muito grande de seus superiores e eu estava no lugar errado, na hora errada. Fomos almoçar em um restaurante em frente do escritório e cercado por todos que tentavam compreender o que estava se passando mal conseguia engolir minha comida, havia em mim uma mistura de vergonha, decepção e tristeza.
Voltamos para a segunda parte do dia e ele me chamou para conversar. Alegou-me que por ser aquela a última semana de vendas do mês eu nunca deveria falar em largar a equipe na mão. Meus pensamentos em contra partida, me diziam que: se minhas vendas eram uma porcaria então por que daquela hipocrisia de que a minha saída geraria algum problema ou perda para a equipe? Em pensar que no mês anterior eu tinha sido elogiado como uma referencia para todos, pois mesmo trabalhando a pé havia vendido muito mais que outros colegas que trabalhavam de carro. A gangorra moral de vendas é mesmo uma coisa louca: vamos do céu ao inferno em poucos dias ou em poucas horas. Gerente de vendas na sua maioria tem memória numérica ou é desmemoriado, mas graças a DEUS, existem maravilhosas exceções no mundo dos negócios que compensam todos esses outros.
Passado uma semana e em nada consegui mudar meus resultados. Eu que era conhecido e respeitado por meus colegas por minha auto-estima e bom humor, estava totalmente desconfigurado de minha ordem pessoal natural. Meus clientes percebiam a diferença e meus colegas me ligavam a semana inteira para perguntar como eu estava me sentindo. Nesses dias percebi que vendedor que é vendedor nunca pode ser bom para os clientes, pois assim está fadado a perder seu emprego e seu respeito dentro da empresa. Quase não tinham cancelamentos de pedidos meus e havia entre eu e meus clientes uma afinidade e um respeito muito grande, mas isso só existia porque eu tinha um pensamento diferenciado no que se refere ao ser humano e nem sempre eu conseguia ter razão, na razão de existir, o meu gerente em muitas de suas vezes estava coberto de razão em relação a mim como profissional.  Quando eu cheguei a essa conclusão minha carreira estava chegando ao fim. Eu precisava mudar antes que enlouquecesse.
Muitas coisas se passavam por minha cabeça que me faziam pensar melhor: o roubo de dois carros seguidos, minha saúde física debilitadíssima por um estresse que embora ainda não tivesse sido identificado por nenhum médico, o meu coração e o meu corpo me acusariam. Minha mente cansada e até o meu amor por o ser humano estava em xeque naquele momento e eu, só eu poderia mudar aquilo naquele momento.  Às vezes oramos a DEUS pedindo que ELE resolva por nós o que nós deveríamos resolver.
Eu estava à beira de um ataque de nervos. Faziam dias que eu não ouvia mais minhas musicas clássicas, nem escrevia e muito menos curtia meus filhos e minha mulher.
Voltei para casa numa tarde de sexta feira e me tranquei em meu quarto pedindo para não ser incomoda. Evoquei os meus irmãos espirituais e nenhum deles me retornou ao chamado, eu havia me esquecido de uma lição que o espiritismo nos dá nos cursos de evangelização: o telefone só toca dela para cá. Eu estava só. Totalmente só! Todos estavam perto de mim, mas eu ainda me sentia só.
Depois de uma hora em profundo silêncio e consternação, chamei minha mulher no quarto para conversarmos e disse a ela que eu havia tomado uma decisão e que não teria volta, pois definitivamente minha vida teria que tomar um novo rumo mesmo que a sua opinião fosse contrária a o que eu havia decido. Ela nada me disse mesmo porque eu já sabia o que ela pensava e a sua resposta ou opinião não iria mudar a minha decisão de pedir demissão e sair da empresa. Dias antes, duas outras empresas haviam me convidado para representá-las e isso me dava certo conforto para sair dela, onde eu já não era mais feliz.
Decisão tomada. Agora era só me preparar para agüentar a desconfiança e falta de compreensão da família, somado a preocupação de que passássemos por todas as necessidades do passado. No fundo, todas essas preocupações tinham razão de ser, por que já dei inúmeros motivos para isso no passado.
Agora não tinha mais volta!
Capítulo 18
                                                     




Sete conselhos e uma decisão





Domingo à tarde.
Minha mulher precisava ir à casa de sua mãe para fazer às unhas de sua prima. Desde que decidi sair da empresa sentia vontade de estar só para falar com DEUS. Minha mulher compreendeu a importância disso para mim e foi com as crianças para a casa de seus pais e eu fiquei em casa sozinho.
Por volta das quatro horas da tarde fui para meu quarto e coloquei minhas musicas que me fazem relaxar e entrar em melhor sintonia com a espiritualidade Divina. Não demorou muito e compreendi a idéia de uma frase dita por uma vovozinha em um encontro muito especial dias antes: desenvolva o olvido de ouvir e não precisará de intermediários para saber o que DEUS quer de você.
Sentando ao pé de minha cama, pedi permissão a DEUS para lhe falar e comecei a sentir arrepios por todo o meu corpo. Um perfume doce de flores do campo e do perfume da alfazema que me lembravam uma amiga de infância que torcia muito por mim.
A paz Divina assumiu o meu coração e a generosidade espiritual veio a meu encontro com meus olhos abertos pela primeira vez.
Não nego que me assustei um pouco a principio, mas a espiritualidade tratou de me confortar.
- Calma! - dizia uma vós doce e equilibrada. – estamos aqui para lhe ajudar.
- Quem está aqui?
- Seus amigos em nome de nosso amado JESUS que ilumina a todos com profundo amor e generosidade.
- Se vem em nome de JESUS esteja à vontade, minha casa e minhas portas estão abertas para vocês.
Naquele momento meus olhos não se abriram, pois um medo do desconhecido travava minhas pálpebras e eu não as conseguia abrir.
Senti enfim, uma mão generosa e suave tocar em mim e ouvi ao fundo uma sutil oração que despertava em mim um interesse profundo de conhecer seu orador. Suavemente abri meus olhos e diante de mim estavam minha querida Íris que com um sorriso meigo tocava-me o rosto com um carinho de uma irmã generosa e bondosa e ao canto da porta em pé com suas mãos coladas palma a palma em sinal de oração, estava aquele amigo  que se comunicava comigo dia a dia e em meus sonhos e me levava ao passado que eu ainda não tinha a mínima idéia do porque em minha atual existência.
- Iris!!!
- Olá querido. Como está?
- Emocionado! Muito emocionado!
- Eu também querido. Confesso que há muito estou esperando a oportunidade de lhe encontrar de maneira mais próxima como agora e lhe responder a algumas questões para que você possa crescer e seguir em paz o seu caminho.
- Que bom Iris! Eu precisava mesmo disso. Mas qual o nome de seu amigo que a acompanha?
- Desculpe querido. Isso quem o dirá é ele mesmo.
Aproximando-se de mim, o senhor fixando seu olhar como que fizesse uma leitura mental de meus pensamentos me disse:
- Meu nome é o que menos importa nesta hora. Tenho para você algo muito mais valioso e espero que compreenda perfeitamente o que será dito aqui, pois dependendo de sua conduta e postura daqui por diante, não haverá outra oportunidade. Siga estes passos sem que nenhum deles seja considerado menos importante para você e daqui para frente você será responsável por seu sucesso e de milhares de pessoas por tudo o mundo, sendo assim, a sua responsabilidade é muito maior no que se refere a sua conduta diante da sociedade, mas principalmente com seus filhos e sua família. Tenha uma postura de doação para com os seus irmãos em Cristo e siga os seguintes passos:

1 - Tenha uma postura Divina:
Lembre-se sempre que DEUS lhe fez a sua imagem e semelhança e te deu o Divino poder da criação por toda a sua existência. Crie o bem estar universal e leve ao mundo a paz e a união entre os povos e suas crenças, culturas e costumes, sendo cada qual com o direito de continuar sendo o que é.
2 - Autoconhecimento:
Aprenda a lindar consigo mesmo usando melhor a sua inteligência emocional e espiritual. Determine seus objetivos acreditando em sua capacidade de realizar seus projetos sem dar ouvidos aos pessimistas que o cercarão por toda parte, tentando desmotivá-lo e desviá-lo de seu caminho. Haja com fé em você mesmo, antes de sua própria fé em DEUS. De que adianta a existência de um DEUS sem que hajam criaturas para servi-lo e concretizar suas obras e criações. Continue aquilo que DEUS deixou para que você possa terminar para você mesmo.
3 - Respeito ao direito alheio:
Antes de brigar por seus direitos, veja se as suas obrigações estão sendo das mesmas formas cumpridas. Não é justo cobrar dos outros, aquilo que não somos capazes de fazer. Respeite os limites dos outros, para que os seus sejam também respeitados e analise bem antes de agir com agressividade diante de problemas que você mesmo pode ter iniciado no passado ou ajuda de existir.
4 - Prepare sua carreira de modo que encontre felicidade no que faz, mesmo que sua família vá contra o seu desejo, isso não quer dizer que a opinião alheia não seja importante, mas DEUS fala com você através de seu coração e isso sim faz uma tremenda diferença na hora de escolher o que fará para o resto de sua vida.
5 - Críticas: receba com humildade as críticas alheias, pois muitas das vezes, Deus usa até mesmo a boca de seus inimigos para lhe falar às verdades que os seus amigos não têm coragem ou proferirem. Às vezes a oposição é mais saudável aos nossos projetos do que os aliados que só estão conosco pensado em tomar proveito próprio de nossos projetos pessoais.
6 - Condição Divina: exerça com afinco e dignidade a sua condição Divina. Pois sendo você a sua imagem e semelhança, logo, é capaz de criar e manter as suas criações e criaturas. Proporcione dias melhores para o maior numero de pessoas que puder, desde sua casa, sua cidade, seu país ou seu planeta. Somos todos responsáveis pelo todo da criação de um DEUS generoso e bondoso e devemos fazer por merecer a tudo isso dando crédito a suas palavras e ações mantendo e continuando a sua obra. Não fuja de sua responsabilidade. É mais fácil do que pensa!
Nunca se preocupe sobre o que dirão de você. Trabalhe. Deixe o resto com DEUS.
7 - Receba sem questionar: durante algum tempo você receberá duras críticas por seu trabalho neste livro, mas lembre-se que nem o mais perfeito ser que pisou na terra conseguiu agradar a todos e com você não será diferente. Os anos passarão, mas algumas coisas não mudarão pode crer nisso. Haja com lealdade aos que acreditam em você, na sua proposta e em seu trabalho. Prepare-se, pois chegarão até você às pessoas que em outra existência haverá marcado um encontro nesta época e neste momento. Deus confira a você pessoas extremamente especiais para ele e para você. Não o decepcione! Não haja como um garoto, mas pense e sinta o que um garoto sente. Não se entregue jamais por que nunca estará sozinho. Haverá um tempo em que sua responsabilidade será tão grande que se assustará com isso, mas lembre-se que isso tudo, estará sobre seu controle porque você é capaz de administrá-lo e levá-lo a diante e para encerrar, seja feliz sobre qualquer circunstancia, assim como aconteceu no passado quando roubaram o seu segundo carro e você olhou para o céu acreditando que DEUS estaria te ouvindo e gritou sem medo e sem raiva no coração: EU SOU FELIZ! O HOMEM MAIS FELIZ DO MUNDO E NADA NEM NINGUÉM ME TIRARÁ ESTE DIREITO!
Agora antes de fazermos a ultima viagem, quero deixar aos homens minha ultima mensagem:
Está se aproximando mais um Natal e percebo que os homens ainda não tomaram consciência do que esta data representa para todos. Esta, para quem não sabe, é uma data de reconciliação entre as pessoas e as nações do mundo. Muitos de vocês brigam o tempo todo e falam mal um do outro sempre que podem e nunca pensam no poder que suas palavras mal faladas têm em suas vidas. Vem à noite de Natal, estouram os fogos e todos se abraçam se confraternizando como se nada tivesse acontecido antes. Vocês deveriam se envergonhar de sua hipocrisia descarada e no mínimo uma semana antes procurar os seus inimigos e rivais e se reconciliar com eles, mas compreendo que muitas vezes quando o nosso orgulho esta ferido e isso nos impossibilita até de percebermos que podemos ser os culpados dessa desavença e que por falta de humildade, não fazemos o que deveríamos fazer. Tudo bem! Mas a nossa maior vergonha é falar mal de nossos pais e irmãos de fato ou de consideração. Os quais cresceram conosco ou no caso de nossos pais ou tios nos criaram e nos educaram com tanto amor. Parem e joguem fora a porcaria desta mascara imunda e oito horas da manha do dia anterior ao Natal dêem um forte abraço e peçam perdão por seus erros, mesmo que não se achem culpados. Muitas vezes o somos, mas por orgulho, vaidade ou impiedade não os percebemos. Pensem neste dia especialmente no aniversariante e sejam verdadeiros, pelo menos uma noite ao ano. Agora temos que partir.
- Como poderei falar com você novamente?
- Quando sentir vontade fale e pronto. Eu estou sempre ao seu lado. Nos seus piores momentos de sua vida eu acompanhei suas vitórias e derrotas e vi seu poder de reação e sinto-me profundamente orgulhoso de ser eu o escolhido para te acompanhar por esta nova existência porque eu também estou evoluindo e aprendendo com você.
- E se você quiser falar comigo. Como saberei?
- Nada mudará daqui por diante. Estamos encerrando a primeira fase de sua vida terrena e muita coisa ainda virá pela frente. Quando eu quiser lhe falar você saberá. Aprenda a desenvolver simplesmente o ouvi de ouvir.
- Ouvido de ouvir? Eu já ouvi isso antes!
- Não se preocupe. Você saberá do que estou falando.              














Capitulo 19

            


A despedida





Uma hora depois de partirem, desci ir a casa de minha sogra e jantamos juntos e pouco depois já em casa havia em mim um sentimento de perda profunda como se chegasse a hora de partir depois de uma longa visita a pessoas amigas. Sentia isso por ter colegas de trabalho que me respeitavam e me queriam bem, por meus clientes que já faziam parte de meus dias e era para eles que eu dava o melhor de mim.
Não bastava sair da empresa de maneira digna e sem brigas. O importante era naquele momento esquecer a mágoa para o meu próprio bem e nunca entrar na atmosfera de uma pessoa extremamente materialista e arrogante que poderia morrer, mas nunca pedia perdão a ninguém. Essa pessoa merecia minhas orações, mas nunca o meu sofrimento. 
Fomos dormir e naquela noite e eu não recebi qualquer visita espiritual como pensei e por volta das cinco da manhã, fui para o escritório para cumprir com o que havia decidido e prometido para mim mesmo. Sabia que eu poderia pagar um preço muito alto por minha decisão, mas eu iria pedir demissão. 
Ao chegar ao escritório, tomei meu café com meus amigos no bar da esquina e não deixei transparecer minha decisão embora dois deles já soubessem do meu desejo de sair da empresa. Entramos e na subida da escada meu coração me dizia como se alguém soprasse ao meu ouvido para ir para a sala do curso que tínhamos todas as segundas-feiras e respeitei minha intuição eu estava num estado especial de graça e paz de espírito. Acho que a informação já havia vazado e todos os que me conheciam um pouco melhor me olhavam saudosamente por entre os olhos. Começado o curso, não se passou mais que vinte minutos e minha supervisora e amiga me chamou em sua sala para conversarmos. Levantei sob olhares desconfiados e fui junto a ela. Chegando lá fui comunicado de minha demissão e que não deveria voltar à sala para me despedir de meus colegas para não gerar tumultuo entre os colegas. Preferi respeitar sua vontade que na verdade era a de meu gerente. De que adiantava gerar polemica ou tumultuo já que uma semana antes eu tinha sido ameaçado de justa causa e agora eu não tive nem que pedir demissão. O lucro era muito maior do que eu pensava. Quanto aos meus colegas, iriam entender a minha saída e se não entendessem, os explicaria depois. 
O mais interessante foi que à noite graças a DEUS meu telefone não parou de tocar e recebi muito carinho, mas o mais importante é que tudo teve um final digno para as duas partes. 
Dois dias depois fui procurado por um distribuidor do mesmo produto que eu vendia e que faziam duas semanas que me convidava para vender para ele. Deixei em aberto seu convite uma vez que não tinha expectativa de deixar a empresa, mas de qualquer forma resolvi aceitar seu convite e dois dias depois de ser demitido comecei a trabalhar com ele.
Tirei alguns pedidos em clientes antigos e abri alguns outros até que quinze dias depois fiquei fortemente gripado e caí de cama. O rapaz muito compreensivo não me cobrou vendas, pois sabia que eu estava doente e eu estava extremamente confuso.
Fui finalmente ao médico o qual me receitou um xarope e uns comprimidos gripais que me melhoraram e antes que me curasse voltei a trabalhar, mas no dia seguinte cai de cama novamente e pior que isso comecei a sentir asfixia. Eu nunca havia chegado tão perto da morte. Minha primeira crise me fez pular da cama e durante uns três minutos, entrei em desespero chegando até a pendurar-me nas cortinas de meu quarto quase desmaiando na madruga, por volta das três da manhã. Preocupado procurei um otorrino por indicação de minha médica, pois o meu caso já fugira de sua alçada.  O novo diagnostico, era uma redução da laringe a principio em virtude de um estresse que  foi somatizado por um desequilíbrio emocional acumulativo.
E agora? O caso começou a se complicar, pois os exames que deveriam ser feitos de minha laringe demoraram a ser marcados pelo posto de saúde devido à enorme demanda. E eu mais uma vez tive que parar de trabalhar, pois tive crise na rua e por não ter sido socorrido no momento já que era uma rua semi-deserta, não tinha ninguém para isso.
Dias depois, não consegui sair sozinho de casa para trabalhar e nem para ir ao médico.
Numa manhã meu primo Edson passou em casa e vendo meu temor em sair a rua, me convidou para ir com ele até o correio de nosso bairro já que comentamos sobre o meu medo e achávamos que eu estava desenvolvendo a maldita síndrome do pânico. Pensando em lutar contra isso e em nunca aceitar a derrota em minha vida, resolvi acompanhá-lo, mas decidi levar três livros comigo, pois faziam alguns dias que eu não vendia nenhum deles.
No caminho vendi todos que eu tinha comigo e voltamos contentes para casa. Depois do almoço resolvi sair novamente para perder o medo de sair na rua e levei mais quinze livros para ver o que conseguiria vender, pois mais do que vender estes livros eu precisava ter uma resposta pessoal.
Duas horas depois, voltei para casa cheio de alegria e me sentindo útil e produtivo e o mais importante é que eu havia vendido o fruto de minha vontade, trabalho e esforço foi quando eu me lembrei do que dias atrás minha mulher vendo minha agonia, me disse que se eu sou capaz de vender tudo o que tinha nas de outras empresas, por que eu não sobreviveria do que eu mesmo produzia? Foi esta uma das poucas vezes que ela deu uma opinião sobre o meu trabalho ou talvez eu nunca tenha prestado a atenção no que ela havia me dito antes. Talvez esse tempo todo de casados eu só tenha prestado a atenção em mim mesmo.
Quando eu cheguei em casa e mostrei o resultado das vendas ela me olhou e falou com alegria:
- Eu não disse?     
Daí por diante tudo mudou em mim. Liguei para um rapaz que estava com vinte livros para vender em feiras escolares e os peguei de volta e em duas manhãs em quatro horas de trabalho acabei vendendo todos.
Liguei para gráfica e pedi para fabricarem mais quinhentos para vender durante o Natal.
Era começo de dezembro de 2007 e algo novo acontecia dentro de mim.



























Capitulo 20





Minha nova chance





Segunda-feira, 10 de dezembro de 2007, era uma manhã chuvosa e depois de quatro crises de asfixia eu consegui dormi por volta das cinco horas da manhã. Meus filhos já acostumados em ver-me sofrer as crises e eu dormir sentado para que o refluxo do catarro de meu peito não me sufocasse por inteiro me levando à morte. Minha mãe e minha sogra me ligavam todas as manhãs para saber se eu estava bem, mas no fundo os seus corações diziam que eu estava morrendo e embora a minha cabeça começasse a reagir o meu corpo ainda não havia captado a mensagem e a recuperação era demorada.
Levantei por volta das dez e meia da manhã e ao ir ao banheiro olhei para cima de minha geladeira e vi a minha disposição onze tipos de remédios diferentes entre homeopatia, florais, caseiros e fitoterapeuticos. Nada e nenhum deles conseguiam melhorar nada até o momento, foi quando, enquanto eu escovava os dentes, analisei o que o otorrino havia dito. Se o problema foi gerado por uma seqüela emocional eu deveria tratar-me a partir de calmantes e lembrei de um calmante natural que tomei em outra época e decidi voltar a tomá-lo já que tinha metade dele em casa e no prazo de validade.
No primeiro dia que o tomei, consegui dormir mais cedo e quando tive a crise da noite, me sentei a beira da cama e calmamente esperei voltar o ar pela garganta.
Enquanto aguardava ser chamado para os exames e aguardava a cirurgia do nariz, consegui controlar as crises com esse remédio e comecei a trabalhar o meu emocional para em breve me livrar dos remédios.
Dia 12 de dezembro. Depois de longa conversa com minha mulher sobre meus planos para o futuro e em relação ao meu trabalho social decidi doar parte da renda das vendas de meus livros para o centro que eu freqüentava, pois havia meses que nossas despesas aumentavam e os freqüentadores não sabendo isso não contribuíam mensalmente e a creche que administrávamos da qual faço parte da diretoria precisava de mais recursos e neste exato momento eu poderia ser a taboa de salvação destes recursos e esta doação só valorizaria a minha vida e os nossos livros e também decidi materializar meus pensamentos sociais colocando no lugar onde ficaria o nome da editora a frase: projeto sonho meu e quem sabe a editora de meus sonhos para empregar pessoas especiais e em condições especiais possa estar sendo materializado.
Em torno de meia noite fomos dormir e era uma noite quente de ar pesado, mas mesmo assim e sem tomar o remédio que esqueci nesta noite consegui dormir rápido.
No meio da noite senti um vento gelado vindo da porta balcão que dava para a minha varanda e que fica do lado que eu durmo, mas não me importei com o vento e relaxando continuei em meu repouso sagrado.
Acredito que por volta das duas horas, sentei-me na beira da cama onde percebi uma presença na varanda e embora fosse tão tarde não me assustei por isso e ao contrário me levantei e abrindo a porta da varanda, fui recebido por minha amada Iris e meu querido Irmão.
- O que fazem aqui há esta hora?
- Ora querido. Já me recebeu bem melhor!
- Desculpe Iris, não quis ser antipático.
- Estou brincando querido.
- E eu? Não vou ganhar nem um sorriso?
- Claro Irmão! Um abraço serve?
- Oh filho! Seu abraço tem um valor muito especial para mim. É uma prova de carinho e confiança.
- É Irmão! É exatamente isso que eu sinto por você.
- Desculpem, mas o que fazem aqui?                               
- Viemos te buscar.
- Peraí! Não vai dizer que...
- Calma... Você não está morrendo, pelo menos não agora.
- É, mas do jeito que minha saúde está, se não melhorar logo, logo irei dessa para melhor.
- É, mas o fato é que vem evoluindo muito e que hora será outro marco em sua vida e o fato é que chegou à hora da nossa última viagem desta etapa de sua vida.
- Tudo bem Iris. Para onde pretendem me levar dessa vês?
- Terminar a sua história. Vamos.
- Venha conosco e saberá. De-me sua mão filho e a outra para a Iris.
- Que estranho!          
- O que há de estranho querido?
- Vocês parecem encarnados.
- Olhe para a sua cama filho.
Quando me virei a pedido do irmão e olhei para a cama vi o meu corpo deitado como se eu estivesse morto e me senti extremamente estranho e apavorado.
- Vocês me disseram que eu não havia morrido. Como explicam isso?
- Calma querido. Você evoluiu a tal ponto que seu espírito alcançou tamanha leveza que consegue se desprender de seu corpo numa condição chamada desdobramento e sendo assim, podemos levá-lo para onde quisermos e for preciso para o seu bem, ou de precisar de você ou de sua energia para auxiliar a outros.
- Então vocês querem me dizer que...
... -mesmo você dormindo, pode fazer caridade querido.
- Caramba, Iris!
- Agora vamos querido?
- Claro Iris. Vamos meus amigos.
Dessa vês foi diferente.
Dei as mãos aos meus amigos e suavemente fui elevado até a parte de cima de minha casa. Podia ver meus filhos dormindo em seu quarto e subimos até um anel prateado, posto sobre o teto, metros acima de minha casa que se abria sutilmente para que passássemos sem esbarrar em suas paredes.
Aos poucos, uma luz sutil foi surgindo diante dos meus olhos e a imagem do pequeno palácio de forma arquitetônica romana, embora se bem olhado de maneira energética, havia uma forte nuvem escurecida sobre o ambiente principal da casa.
 Levi descansava sobre um divã e era servido por Julius e outra serva e com o olhar entristecido olhava de canto a canto como que se procurasse a mulher amada e sua expressão era de dor e solidão.
Paramos próximo à porta de entrada e nos entreolhamos enquanto meu Irmão falava com outro colocado por trás de Levi como se lhe fizesse uma oração em sua cabeça. Passaram aproximadamente naquele tempo algo como quatro meses de nosso tempo atual e o outro amigo nos alertou que faziam dois dias que Levi havia voltado de sua ultima jornada e quando chegou em seu palácio sem encontrar mais sua mulher que havia expulsado antes, ficou depressivo apesar de seu escravo Julius tentar de todas as formas o alegrar.
Julius nutria por seu amo um amor carnal que não lhe era correspondido e que o guardava em seu peito para que seu amo e amigo não o percebesse, preservando assim, a sua própria vida. Dada a altura da hora Levi foi avisado de que seu aposento estava pronto e que poderia se recolher e em suas mãos portava um chá de ervas calmantes para que seu sono fosse agradável e rejuvenescedor.
- Iris. Por que voltamos aqui?
- Para encerrar de uma vez por todas o seu passado.   
- Do que você está falando?
- Será que até agora você não percebeu nada? Não vê que este homem tem semelhanças com você em muitas coisas e que você sofre tanto o quanto ele quando se trata de justiça própria ou alheia? Sua capacidade de planejamento e estratégia, somado a sua criatividade, são os seus melhores triunfos em sua vida. Você só não os colocou nem prática ainda da maneira correta.
- Peraí Iris! Você não quer dizer que eu e o Levi somos a mesma pessoa?
- Pessoa não querido e sim o mesmo espírito!
Calei-me por alguns instantes, enquanto a Iris segurando minha mão acalmava-me com aquele jeito lindo e carinhoso de uma mãe ou irmã querida. Sabia que eu e ela tínhamos algo muito forte, mas tinha medo de perguntar e tinha certeza de que se fosse importante para eu saber sobre nós, mais cedo ou mais tarde ela me diria.
- Quem é aquele homem que está por trás de Levi?
- o seu protetor.
- O que faz?
- Preparando para o que irá acontecer agora. Tenha calma querido. Falta muito pouco.
Enquanto aguardávamos senti uma presença estranha no jardim do palacete. E fomos convidados pelo Irmão para acompanhá-lo até a parte externa do lugar. Ao sairmos, demos de cara com o jovem Proporitus segurando uma tocha e indo em direção à parte interna do palacete onde caminhava de maneira sorrateira e discreta. Lá chegando, lançou as chamas sobre as cortinas de sua sala e correndo para o corredor norte, ateou fogo em muitos móveis fechando a saída do quarto de Levi que acompanhado de seu fiel Julius ainda não percebera o incêndio no local.
Não se passou muito tempo quando o primeiro sinal de fumaça invadiu o seu aposento de descanso e Julius imediatamente alertou seu amo. O palacete estava já completamente tomado pelo fogo ardente e se debatiam de um lado para outro sem achar qualquer saída Levi ajoelhou-se valentemente e orou a seu DEUS por sua salvação até perder consciência e ser tomado pelos braços amigos e apaixonados de seu fiel Julius que o sustentou até também ser asfixiado e tomado pelo fogo sendo os dois carbonizados.
As imagens eram muito fortes e minha pele ardia muito, como se o meu próprio corpo estivesse sendo queimado. Minha garganta fechou de vez e eu mal conseguia respirar. Revivi naquele instante toda a dor do passado que eu não recordava e vi todo o edifício cair em chamas sobre Levi e Julius. Proporitus fugiu e se encontrou em um beco escuro com sua irmã Raquel e partiram satisfeitos por sua vingança.
Meu Irmão se aproximando de mim tomou minhas mãos e confortou-me me levando a compreender que aquela história precisava ser revelada a mim neste momento para que eu compreendesse que às pessoas mais intimas desta minha atual existência têm exatamente ligação com este período que me acabou de ser revelado,  que meu cunhado agora é um dos membros de minha família que eu ainda não posso revelar e que infelizmente continua infeliz e sem compaixão das pessoas do seu ciclo de convívio. Minha mulher do passado, ainda não sei, por falta de permissão.  Meu escravo Julius, agora é minha melhor amiga e que me ajuda a dar direção em meus trabalhos como escritor, que me aconselha e encaminha nos meus momentos de dúvida e insegurança. Quanto ao Proximus, voltou nesta vida para me ajudar a controlar meu instinto agressivo e severo para comigo e com todos e ficará comigo até que eu mesmo consiga dominar-me. Ele age em meu cacoete e sempre que me exalto ele se manifesta, aumentando a explosão física de meu braço direito, me fazendo perceber que estou indo além da conta e da razão. Isso está diminuindo pouco a pouco e ele está também se libertando de seu carma para seguir seu caminha e novamente estar encarnado em outra missão.
Estas coisas me foram reveladas na volta para este plano e que não mudarão em nada minha vida atual, porém, respondem a muitos questionamentos que tenho desde minha infância.
Acordei novamente em minha casa cercado de pessoas que eu amo como todos os dias e consciente do ocorrido, senti-me muito melhor. Morri sofrendo a vingança de um covarde que quis levar minha riqueza e por um bom tempo passo por problemas financeiros para que aprenda que toda a fortuna que conquistamos, não deve ser guardada com avareza, mas simplesmente ser utilizada com sabedoria para ser compartilhada com os menos favorecidos.
Sei que deus está me dando uma nova chance e quando este dia chegar não me envergonharei de conquistar muito dinheiro, mas com certeza o usarei em benefício do maior numero de pessoas que meu DEUS as enviará para mim, para que eu cuide bem de cada uma delas.
Ah! E o meu irmão, finalmente eu descobri seu nome, é JHULIANO, que me foi revelado nesta madrugada em sonho quando me disse que em breve voltará para me contar outra estória e o que eu mais precisava nesse momento era desenvolve o ouvido de ouvir que só assim estaria preparado para a minha nova chance. O meu coração me disse para largar tudo e ir para as ruas vender meus livros e de todo o livro vendido eu deveria separa uma parte do dinheiro para ajudar a minha Choupana (Centro Espírita Antenor de Mesquita) a continuar seus trabalhos sociais que eu jamais me arrempederia disso.

...pois é meu amigo. Sei que esta carta ficou um pouquinho extensa e juro que abreviei ao máximo possível, para não tomar muito o seu tempo. Quanto à tesoura deixada por aquele jardineiro, está comigo e ainda não encontrei resposta para isso, mas meu coração insiste em me dizer que não demorará muito e eu descobrirei.
Deixe o meu beijo à Mércia e às crianças e não se esqueça de pedir a minha benção para a tia Quitéria e o tio Antonio e de deixar um forte abraço ao meu primo Adriano.
Sejam felizes todos e quem sabe em breve nos visitaremos.
Um abraço:
Do seu primo e amigo.



José Sandoval

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