segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Que Deus é esse?

O que você acha de um pastor evangélico que vai a uma festa e dança um pagodinho com sua mulher ou com outras mulheres da festa?
O que você acha de um padre que bebe com seus amigos uma cervejinha civilizadamente em sua casa aos domingos à tarde?
Ou um judeu a caráter assistindo a uma partida de futebol, no meio de pessoas comuns como você, sem quaisquer cerimônias, e se mostra feliz com isso?
Agora, eu tenho mais uma perguntinha para você: como é o Deus que você segue ou imagina?
Depois de ler “Conversando com Deus” de Neil Donald Warshi, comecei a meditar melhor sobre Deus. Melhor que isso, sobre minha relação com Deus.
Antes, eu via Deus com outros olhos, pois aprendi que Deus estava lá no Céu. Isso quando eu acreditava na existência de um mundo só. Mas quando vi a possibilidade de existir vários mundos – embora seja essa a minha crença pessoal e que fique bem claro isso –, a partir disso pensei na possibilidade de, aos domingos, Deus estar sentado a nossa mesa lá de casa, comendo o macarrãozinho que nunca falta, ou tomando uma taça de vinho ou espumante no Natal conosco. Que Ele poderia correr no quintal com minhas crianças e rir de nossas piadas de vez em quando. Que estaria ajoelhado ao meu lado em minhas orações matinais, ao invés de estar lá em cima no Céu onde eu, nesse momento, não posso chegar. Ou que nas segundas-feiras estaria me acordando para ir trabalhar, sacudindo-me ou jogando um balde d’água quando eu não consigo acordar na hora certa.
Vejo, dias a fio, pessoas mudando o semblante quando falamos o nome de Deus. Elas ficam sérias e com cara de pouco amigos quando falamos algumas besteiras sem pensar.
Será que Deus continua sendo chato, bravo e vaidoso como me ensinaram? Será que Ele vai continuar me castigando se eu não der o dizimo e serei condenado à pobreza infinita e eterna?
Acho que vou ter que parar de escrever, porque acho que Ele acabou de sentar ao meu lado e poderá me castigar por pensar que se parece comigo, pois eu aprendi que eu é que pareço com Ele, mas isso, só se eu for bonzinho, bonitinho e educado, senão Ele fica bravo comigo e não olha mais por mim, não me abençoa mais na vida. Ops! Acho que estou pecando, por isso vou parar, senão [...]!

Será mesmo que Deus é assim?

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Meu Pequeno Herói

Outro dia, reencontrei um garoto que havia conhecido em uma palestra que dei há dois anos. Apesar de seu sorriso discreto, percebi que havia um pequeno traço de tristeza em seus olhos. Depois de cumprimentá-lo, tentei descobrir o que estava acontecendo com aquele rapaz de 17 anos.
Em meio à conversa, descobri que tinha brigado com o pai, que achava que ele tinha preferência por seu irmão mais velho e que desde pequeno recebia menos atenção em casa. Não pude deixar de pensar em minha família e lembrar-me dos meus filhos, das suas dificuldades de se relacionarem e, especialmente, do meu filho, que vê continuamente sua irmã agarrada a mim, como geralmente fazem as meninas com seus pais.
Em seguida, sugeri ao rapaz que, ao chegar em casa, pedisse para sua mãe as fotos de sua infância, desde o seu nascimento, e que me passasse um e-mail falando sobre o que conseguisse entender.
No dia seguinte, abri meu e-mail e me segurei para não chorar. Ele me disse que não entendeu nada quando lhe dei aquela sugestão, mas a ideia e a curiosidade não saíram de sua cabeça e, quando chegou da escola, pediu as fotos para a mãe e se trancou no quarto.
O que ele me respondeu foi mais ou menos assim:
– As primeiras fotos que vi foram as do meu antepenúltimo aniversário, pois as dos dois últimos estão no computador e deixei para vê-las depois. Minha família estava me olhando assoprar as velinhas e minha mãe estava me abraçando no momento da foto. Ela sempre está ali, mesmo quando eu não percebo isso.
– Voltei a mexer na caixa de sapatos que ela havia me entregado e encontrei muitas outras fotos. Comecei a perceber que meus primos e meus amigos sempre estavam junto a mim e raramente meu pai estava por perto. Quando fiz dez anos – como revelava a velinha do bolo – estavam ele e minha mãe, cada um de um lado, e o meu irmão abraçado a ela. O interessante nisso é que as fotos apareciam de trás para a frente, talvez porque minha mãe, que é muito organizada, goste de guardá-las assim.
– Em todas as fotos entre nove e dois anos, meu pai estava sempre abraçado a mim. Na de um ano, ele não me segurava no colo, mas sim minha mãe. E, em outra, era meu irmão quem me segurava. Sabe, professor – dizia ele, por respeito a mim após a palestra –, as que mais me chamaram a atenção foram as do meu nascimento, pois só havia uma da minha mãe me amamentando e nas outras vinte, em todas, sem exceção, ele estava comigo no colo após o parto, mostrando-me para a família através do vidro do berçário, antes de me colocar no peito da minha mãe para que me desse a primeira mamada. O senhor pode me ajudar com o aperto que está no meu coração depois disso?
A minha resposta foi mais ou menos assim:
– Querido amigo, quando viu seu pai nos seus primeiros instantes de vida, você pôde perceber o quanto a sua chegada a esta vida o deixou contente e orgulhoso, o quanto a alegria em estar presente em seu nascimento foi importante para ele. Esteja certo de que essa experiência jamais saiu do pensamento dele, coisas como essa um pai nunca esquece. Nos seus primeiros anos, os filhos, independente do sexo, precisam mais dos cuidados da preciosa mãe. Depois, o pai assume seu papel no auxílio à educação, predominantemente empregada pela mãe. Quando o pai sabe de sua importância, não perde tempo e cumpre o seu papel direitinho. Após os dez anos, você, filho, começa a descobrir seus próprios caminhos e seus pais precisam respeitar sua parcial independência. Agora, no momento em que está, você tem novos amigos, novos gostos e horários para sair, e é você que começa a se afastar dos seus pais. Quando ele deixou de aparecer nas fotos, não foi porque ele não te ama mais, ao contrário. Ele te ama tanto, que te liberta da vontade de não te largar nunca, abre mão do sentimento de posse e compreende que ele não é seu dono, mas que de vez em quando precisa chamar sua atenção e mostrar o melhor caminho a seguir. Portanto, não é que o seu pai não te ama mais ou ama mais o seu irmão. De certa forma, ele está sentindo saudade de você e o seu irmão, que já passou por essa mesma situação, está mais perto dele, para compensar a sua saída temporária para a vida e a sua independência.
– No mais, não deixe de lado as pessoas mais importantes de sua vida até que pessoas ainda mais importantes que essas apareçam e você, antes do que imagina, torne-se pai também.
Um beijo em seu coração e que Deus continue com você!

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Sai Mubarak, entra Egito

Tenho acompanhado pela TV a imensa revolução moral do Egito.
Nós, latino-americanos, deveríamos nos inspirar na dignidade do povo egípcio em tirar do poder mais um tirano ditador com aparência democrática. Homem que abusou da bondade do seu povo por mais de três décadas para se beneficiar do seu cargo. Hoje, vejo com muito pesar a perda de vidas preciosas em nome da liberdade de um povo. Infelizmente, um minoria importante que se beneficiava do seu ditador foi violentamente de encontro à maioria oprimida pela miséria que esse tipo de governante deixa por onde passa.
Tenho um convite a fazer ao povo Venezuelano, de repensar o processo político deprimente que o tirano presidente do seu país vem impondo a esse lindo e pacífico povo.
Será que não está na hora de esse senhor pedir para sair do jogo?
Será que o seu povo não percebeu ainda a sua cara de pau em proclamar democracia nas reuniões do Merconsul e, na realidade, continuar exercendo uma ditadura desumana no seu país, calando a mídia, que é os olhos do povo?
Será que nem a evidente crise de energia que a Venezuela passa não pode, na verdade, ser um sinal de que algo maior pode estar acontecendo?
Não precisamos de mortes e de mártires. Não precisamos de guerras e de palavrões para conseguir o que queremos. Precisamos, sim, ser ouvidos. Precisamos ser respeitados. Não precisamos morrer nem nos agredir para libertar nosso país de tiranos aproveitadores como esse.
Um beijo, Venezuela. Um beijo, Egito querido. Bons sonhos para quem tem a capacidade de sonhar.