Olá, meus queridos leitores!
Essa palavra que está em moda no momento representa muita coisa para mim. Ela representa dor, tristeza, desprezo e ódio.
Bem, vou tentar ser claro e sucinto com vocês. Vou falar de mim no passado remoto e no presente. Vou falar dos piores momentos da minha vida. Dos dias em que desejei não ter existido.
Para você entender melhor, vou começar por minha infância em Altinho, Pernambuco. Aquele foi o melhor período da minha vida. Filho de um dos dois únicos alfaiates da cidade, eu era tratado com carinho por todos. Meu pai era respeitadíssimo na cidade.
Quando eu completei nove anos, minha família e eu nos mudamos para Suzano, São Paulo. O primeiro contato com o preconceito foi quando entrei em minha primeira escola na cidade. Eu já não era o filho querido da cidadela do agreste de Pernambuco e me tornava mais um dos vários meninos pobres de uma gigantesca escola pública local. Nos primeiros dias, tive que aguentar as risadas dos colegas, pois o meu sotaque era muito engraçado para eles. Alguns me imitavam e diziam “oxente” a qualquer pretexto e em qualquer tom de voz. Depois, eu já não era mais pernambucano e sim, como todo nordestino para a época, baianinho, cabeça chata. E tomava muito tapa na nuca, ao pé da cabeça.
Alguns anos depois, eu já era adolescente e meus pais decidiram voltar para Pernambuco. Dessa vez, tiver o azar de estudar com um ogro que morava perto da minha casa. Onde quer que ele me encontrasse, falava em voz alta e exagerada, imitando o sotaque dos paulistas. Como você pode ver, eu senti na pele as duas situações de constrangimento referentes a linguagem e costumes locais.
Depois de muitas idas e vindas entre Pernambuco e São Paulo, uma coisa chamada Síndrome de Tourette começou a se agravar. Para quem não sabe, tratar-se do que chamamos de “tique nervoso”. Vivi anos de muita dor e sofrimento por isso. Chorei muitos dias seguidos e quis matar algumas pessoas que me humilharam ao longo do caminho. Não achei que fosse, um dia, vencer o preconceito e deixar de me achar anormal como insistiam em querer me convencer.
Na época do ginásio, as brincadeiras eram as piores. Para minha infelicidade, surgiu uma canção do Kid Vinil chamada “Tic Tic Nervoso” e eu tive que enfrentar muita zombaria por isso. Outro tormento para mim foi a época do Break: certa vez, estava conversando com uma menina que me interessava na escola e, quando olhei para trás, havia um grupo de garotos dançando, usando meus movimentos como coreografia. Riam e riam muito. E eu chorava constantemente.
Um dia, depois de viver dopado de remédios para controlar os espasmos, fui sacudido por minha irmã que me disse para me aceitar, só assim as pessoas poderiam me respeitar. No trabalho, a situação ficava insustentável e eu perdia muitos empregos, pois chegava a discutir seriamente com os colegas que me humilhavam.
Depois de muitos anos, consegui aceitar-me e troquei os medicamentos – que me tornavam um dependente químico legal – por pensamentos saudáveis e inspiradores que resultaram até o momento em dezessete livros de minha autoria.
Hoje, sou escritor e produtor dos meus próprios livros e corro o país dando palestras sobre meus trabalhos e sobre aquilo que tanto me afligiu na vida, o ser humano e seu comportamento social.
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